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André Uchôa, 22 anos, é jornalista com experiência em assessoria de imprensa para organizações públicas e privadas. Foi assessor de imprensa em uma ONG voltada para a sustentabilidade urbana por meio da bicicleta, com matérias publicadas e capas de jornais em grandes veículos de comunicação. Atualmente, está como assessor de imprensa na Prefeitura de Japeri, com passagem pela Prefeitura de Queimados. Há três anos, exerce a mesma função na editora Litere-se. Foi colaborador do portal de notícias Eu, Rio, além de ter sido produtor e apresentador da rádio Novos Rumos. André é, também, professor e autor do livro “Intrínseco” e coautor do livro “Eu escrevo a Baixada”, ambos da editora Litere-se.
Confira a entrevista com este profissional de comunicação para o terceiro setor, desta vez em assessoria de imprensa para ONGs.
Gecom: Conte um pouco como foi o seu caminho que o levou a trabalhar com assessoria de imprensa em ONGs.
André Uchôa: Eu tenho uma paixão muito grande pelo jornalismo, pelo trabalho jornalístico e pelo o que ele representa para a sociedade. O fortalecimento da democracia e a construção da realidade, esses são alguns dos valores e princípios que o jornalismo tem, especificamente o brasileiro. Eu sempre tive envolvimento com iniciativas sociais, com trabalhos voluntários. Eu sempre tive uma ligação muito forte com isso. Eu conheci, em Queimados, onde eu morava, uma ONG sobre bicicleta. Eles têm uma ideia voltada para a mobilidade urbana sustentável. Então, foi a partir disso que eu comecei a me envolver com trabalho de ONG. Eu sempre tive um carinho, um apreço muito grande por trabalhos sociais, por essas iniciativas. E foi a partir daí, em Queimados, onde tem esse nicho, que eu iniciei esse trabalho em assessoria de imprensa em ONGs de forma voluntária.
Gecom: Qual é o papel fundamental da assessoria de imprensa em uma ONG?
André Uchôa: Quando a gente fala em assessoria de imprensa, muitas pessoas se enganam que ela só é necessária em grandes empresas, em organizações renomadas. Mas a assessoria de imprensa de uma forma geral é importante, porque ajuda a desenvolver um trabalho relevante e gera engajamento para a sociedade. Então, as ONGs por terem uma função social muito importante, expressiva para a sociedade, que beneficiam milhares de pessoas, o trabalho de assessoria de imprensa no terceiro setor, especificamente, vai desenvolver um papel de mediação e divulgação. São pontos fundamentais esse papel de mediar e de divulgar. E, além disso, é importante que essa assessoria de imprensa no terceiro setor tenha estratégias de comunicação que busquem, que possa estimular o crescimento daquela ONG e atrair mais investimentos através de suas iniciativas independentes, que necessitam de reconhecimento para atrair mais capital. Porque as ONGs até para concorrer alguns editais, elas precisam estar, em alguns aspectos, muitas vezes dentro da mídia. Ela já ter sido de alguma forma falada, vista, isto gera reconhecimento. Então, quando a gente fala de assessoria de imprensa para o terceiro setor, a gente fala sobre essa questão do reconhecimento. Ela tem um papel fundamental que é mediar e ajudar a atrair mais investimentos, mais reconhecimento para determinada organização.
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Gecom: Quais os cuidados que se deve ter ao fazer uma assessoria para ONG? A partir da sua experiência, qualquer pessoa pode fazer esse trabalho ou é preciso ter alguma formação?
André Uchôa: Quando eu falo de divulgação e mediação de atrair mais investimento e reconhecimentos para aquela determinada organização não governamental é porque a gente também tem essa ideia que ninguém vai doar dinheiro para quem não conhece. Você não vai injetar a sua doação ou uma empresa não vai ajudar algum trabalho social se não conhece aquele trabalho. Por isso que é preciso pensar de forma estratégica. Então, a dica que eu dou para quem faz assessoria de imprensa pra ONG é ter esse zelo, esse cuidado com as estratégias. Porque quando a gente fala em assessoria de imprensa, a gente precisa pensar que é possível a gente chamar aquela atenção para o doador ou despertar aquele interesse pra que alguém, que alguma organização ou empresa possa ajudar aquela determinada organização. Então, é necessário ter essa estratégia, conseguir atenção da mídia. Porque a assessoria de imprensa vai falar com esse grande público. Pra que eles entrem em contato, pra que haja um movimento. O cuidado que a gente deve ter é com as estratégias, a forma que a gente posiciona a assessoria de imprensa. E aí eu dou algumas dicas. Quando a gente vai preparar o material das ONGs, a gente precisa, primeiro, enquadrar essa notícia, ou seja, o que essa ONG vai proporcionar para a sociedade. É como você vai chamar atenção para o que aquela organização produz. Então, o assessor de imprensa de ONGs precisa ter olhar aguçado voltado para entender aquele ambiente, aquele propósito da ONG, mostrando seu real valor de trabalho. A outra dica que dou é sempre que possível compartilhar as ações, as ideias, tudo o que a ONG realiza. As redes sociais estão aí pra isso, pra ajudar o assessor de imprensa e ONGs a fazer esse trabalho. É preciso trabalhar junto com as redes sociais. E, por último, não menos importante, a gente fazer um planejamento, divulgar os eventos. A gente ter uma comunicação mais assertiva para isso, qual o cunho daquele evento, qual seu objetivo, sempre enquadrando a ONG dentro dessas questões. É necessário ter uma formação pra atuar com assessoria de imprensa em ONG. Geralmente é um trabalho voluntário. É importante que alguém tenha alguma formação, tenha feito jornalismo ou, então, algum curso para a área de comunicação. Tenha pelo menos uma especialização ou um curso em assessoria de imprensa para, também, entender um pouco do mercado, ter uma prática, saber como trabalhar a imagem e o posicionamento de marca.
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Gecom: Como você avalia a relação desses assessores com a imprensa na cobertura de matérias pautadas nas causas sociais?
André Uchôa: A assessoria de imprensa, principalmente no terceiro setor, ela precisa sempre que possível enquadrar as suas causas, os seus objetivos, os seus projetos, sua iniciativa de forma geral em uma notícia. Eu vejo como muito benéfico, muito bom que os assessores e a imprensa dialoguem sobre matérias de cunho social. Por exemplo, quando a gente evidencia alguma desigualdade e quando a gente fala nessa questão de desigualdade, nós estamos falando sobre pessoas que não são iguais, de semelhanças, de diferença, de uma ausência de equilíbrio. Então, quando a gente evidencia desigualdade, principalmente de classe ou, então, de oportunidade de formação educacional ou profissional, as ONGs geralmente têm um trabalho muito voltado pra isso, pra educação ou pra uma formação profissional. Isso é muito importante, porque são causas sociais. Quando a gente tem, por exemplo, mulheres vítimas de violência e que ONGs ajudam as mulheres se reinserirem no mercado de trabalho, porque uma das grandes causas das mulheres serem dependentes de seus maridos é por conta da questão financeira. Eu vejo com bons olhos, de forma muito positiva, essa relação dos assessores de imprensa juntamente com os veículos de comunicação nessa cobertura de pautas nas causas sociais. Geralmente, elas estão ali representando uma parte da sociedade que infelizmente é esquecida pelo poder público ou por alguma iniciativa que o poder público deveria realizar. Esse, também, é um dos motivos para que as ONGs existam.
Gecom: Compartilhe com a gente algumas orientações e recomendações de assessoria de imprensa para as ONGs.
André Uchôa: Uma palavra-chave que eu quero dar para a assessoria de imprensa para o terceiro setor é potencializar. A gente precisa, enquanto assessor de imprensa de ONG, ajudar essa organização a ter mais visibilidade dentro da sociedade civil e também como a representante dessa sociedade. Então, algumas dicas que eu dou é ter uma importância de conteúdo. Saber de alguma forma trabalhar os conteúdos daquela instituição, saber promover qual é o atendimento que é feito dentro daquela organização, qual a metodologia que ela utiliza, qual é o seu objetivo principal. Apostar muito em eventos. Oferecer, promover eventos de uma forma geral. Nesse período de pandemia ficou um pouco complicado. A gente tem datas comemorativas como o Natal, o Dia das Crianças, algumas datas que podem ajudar nessa questão de promover aquela organização através de eventos, porque nessas datas comemorativas, principalmente fim de ano, a gente costuma muito despertar a solidariedade. E outro é sempre mostrar a sua relevância social. A ONG tem uma função social muito importante naquela sociedade. Ela contribui para o crescimento daquela população e desenvolvimento. Ela geralmente é apontada por dados, por alguma referência, ela conhece bem aquela realidade. A ONG precisa ter essa relevância social. A assessoria de imprensa precisa mostrar sempre a relevância social, porque isso traz credibilidade para a instituição e, também, faz com que ela ganhe destaque na imprensa, nos veículos de mídia, inclusive nos grandes veículos de TV, de rádio, de jornal impresso. Isso é muito importante. Infelizmente, a gente sabe que muitas ONGs não conseguem disponibilizar desse trabalho de assessoria de imprensa, ou porque não conhece muito bem a área ou porque de alguma forma ignora esse conhecimento. Mas a assessoria de imprensa profissional tem uma notoriedade muito importante por conta da comunicação. Porque ela vai melhorar a imagem dessa organização, tornar essa organização conhecida e também estimular pessoas, empresas e organizações que financiem, que doem, que comecem a apoiar essa causa. Então, essa é a dica que eu deixo.
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