A fotografia faz parte do dia-a-dia da maioria das pessoas.
Como um elemento de comunicação, pode servir como um instrumento de registro,
questionador ou de denúncia. Ela informa um fato ocorrido, transmite uma
mensagem, possibilita a integração e interação social. Redescobre a
individualidade de cada sujeito, reconectando-o a uma identidade coletiva. Ela
pode implicar múltiplas interpretações, de acordo com o repertório de cada
espectador ou pela falta de conhecimento que há por trás da história da imagem.
O fotógrafo pode conduzir a interpretação de acordo com o seu olhar.
É dentro deste contexto que vamos conhecer a importância da
fotografia em projetos sociais nas palavras da fotógrafa, diretora e fundadora do projeto
social Há Esperança, Tayana Leôncio.
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Tayana Leôncio. Crédito: Arquivo pessoal |
A necessidade de registrar os eventos e os acontecimentos do
projeto social Há Esperança e a vida na comunidade Parque Analândia, em São
João de Meriti, município da Baixada Fluminense, fez a diretora do projeto e
fotógrafa, Tayana Leôncio, a transformar o gosto pela fotografia em uma missão:
registrar a vida no Parque Analândia e nas comunidades periféricas, além de
funcionar como um meio de denúncia contra os direitos que estão sendo violados.
“Dependendo do olhar do fotógrafo, ali (na fotografia) já está exposto qual o
direito que está sendo ferido naquela população”, diz Tayana, que é, também,
teóloga e especialista em História e Pedagogia Social.
Só que nada disso foi planejado. Tudo aconteceu naturalmente,
ou de forma “orgânica”, como ela costuma dizer. “Me descobri fotógrafa aqui, sentindo a necessidade de
registrar os eventos, os acontecimentos, a vida na comunidade. Aí, de forma bem
orgânica, sem pretensão, eu comecei a sair pela comunidade fotografando e fui
apurando meu olhar”, conta como tudo começou.
O interesse pela fotografia e a importância que ela trazia
para o projeto fizeram Tayana se profissionalizar cada vez mais.“Procurei um curso para me especializar na área. Recebi um
convite para fazer a exposição desse conteúdo que fiz desde 2013 (ano em que
começou o projeto) e, surpreendentemente, as pessoas gostaram desses registros.
Fui me profissionalizando, aperfeiçoando e, hoje, eu faço esse trabalho na
comunidade de fotografia documental”, explica.
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Matéria sobre a exposição de fotografia realizada em 2017. |
De acordo com Tayana, a fotografia pode ultrapassar os
limites de um registro visual. “A fotografia é especial para comunidades de
origens periféricas, porque a gente vê um conteúdo massivo negativo sobre esses
lugares. Então, a minha fotografia, em especial para o Há Esperança, tem dois víeis.
O viés de denúncia e o de documentar a vida pulsante dentro das regiões
periféricas”, completa.
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Algumas fotos da exposição realizada no Sesc de Nova Iguaçu. |
Ela ressalta a importância de se criar uma memória das ONGs
por meio da fotografia. “A fotografia é essencial para documentar tudo o que está sendo
feito para além dos textos. Ela expressa sentimentos, expressa reação. Então,
todo projeto tem que ter um compilado de suas ações, dos seus eventos para que
fiquem como memória registrada e, também, para conseguir credibilidade para o
que está sendo feito. A fotografia é, especialmente, um registro e onde as
pessoas ficam sabendo o que é realmente o nosso projeto”, diz.
No entanto, a falta de recursos de algumas ONGs impedem que
muitas delas tenham um trabalho profissional de fotografia e memória. “Acredito
que algumas ONGs não conseguem fazer o seu registro por falta recursos e de um
profissional que encabece essa área. Um responsável. Eu faço isso porque é uma
área que eu me identifico, tenho aptidão. Mas se eu tivesse uma pessoa no
projeto, cuidando desta área, seria bem mais fácil”, analisa Tayana.
Ela complementa ao falar sobre o papel da comunicação. “Coordenar
e dirigir um projeto social não é fácil. Administrar um projeto, que às vezes,
tem as mesmas burocracias de uma empresa, é muito difícil. E a parte da
comunicação para quem dirige, acaba ficando de lado, como menos importante,
porque não tem pessoas que possam ficar responsáveis exclusivamente por essa
área. Faltam pessoas que possam estar dividindo tarefas. Pessoas exclusivas
para cuidarem da área de comunicação”, destaca.
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A vida das comunidades periféricas está presente nas fotografias de Tayana. |
Tayana pretende desenvolver uma oficina de fotografia com as
crianças do projeto, mas tem um empecilho. “Faltam investidores. O equipamento
é caro. O material didático é pouco acessível e, por isso, precisamos de
investidores”, lamenta, mas sem perder a esperança de que este dia chegará.
Conheça o projeto Há Esperança acessando os links abaixo.
Site: http://haesperanca.org/
Acompanhe mais no Instagram @gecomterceirosetor
Excelente!!! Tema, abordagem, visão crítica da Tayana Leôncio. Minha linha de pesquisa no doutorado (Jornalismo e Estudos Mediáticos) aborda a responsabilidade do jornalismo na legitimação do imaginário coletivo a partir de fotografas definitivas. Algo próximo do que a Tayana escreve sobre o papel e a responsabilidade do fotógrafo no "viés de denúncia e o de documentar a vida pulsante...". Parabéns!!! Se estivesse ai, gostaria de ver seu trabalho presencialmente.
ResponderExcluirObrigado pelos elogios, amigo Marlúcio. Repassei seus comentários para a Tayana. Fico contente em saber que o blog esteja se identificando e se aproximando cada vez mais com os estudos, pesquisas e trabalhos dos comunicadores. Afinal, esta é uma das razões de ele existir. Quando tiver por aqui novamente venha conhecer o projeto Há Esperança, da Tayana e seus trabalhos de fotografia. Forte abraço.
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