domingo, 20 de dezembro de 2020

Impacto da pandemia no trabalho dos Comunicadores em ONGs


Arquivo pessoal
Julia Guarilha, 63 anos, formada em Comunicação Social, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em Pedagogia, na Universidade Estácio de Sá e Extensão em Mídia-Educação, pela PUC-Rio, atua na ONG Comitê Elos da Cidadania e na comunicação da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC).

Atualmente trabalhando em casa, em Humaitá, no Rio de Janeiro, aceitou o convite para nos conceder essa entrevista para falar sobre o impacto da pandemia no trabalho dos comunicadores em iniciativas sociais, sob o seu ponto de vista.

Gecom: Conte um pouco sobre seus trabalhos de Comunicação nas ONGs e outras iniciativas sociais.

Julia Guarilha: Minha formação é em comunicação social e trabalhei muito tempo na área empresarial, em assessoria de comunicação e atendimento a clientes. Após minha aposentadoria, me atualizei em mídia-educação e fui ser voluntária numa pequena ONG fundada por amigos (Comitê Elos da Cidadania), que atua em projetos de geração de renda, educação e cultura. Através dessa ONG, cheguei ao movimento de bibliotecas comunitárias e passei a colaborar, sempre na área de minha formação profissional. 

Gecom: O que mudou em sua forma de trabalhar com a pandemia?

Julia Guarilha: Particularmente, do ponto de vista das ferramentas de trabalho, mudou pouco, pois já atuava de forma remota. A comunicação da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) se dá através da internet, onde se "encontra" a equipe formada de pessoas de várias partes do país. O que mudou foi todo o contexto sobre o tema do trabalho, com bibliotecas fechadas e todo o planejamento sem sentido, fora o impacto nas pessoas, no emocional e na disponibilidade para o trabalho.


Arquivo pessoal

Gecom: De uma forma geral, como você avalia o novo momento da Comunicação das ONGs nesse cenário de pandemia?

Julia Guarilha: A transferência de quase todas as atividades para o espaço virtual traz o desafio de conhecer melhor as inúmeras possibilidades da comunicação à distância e do mundo das redes sociais. São muitas novidades e caminhos diferentes para trilhar, permitindo uma comunicação melhor direcionada aos diversos públicos de uma organização social: pessoas atendidas pelos projetos, colaboradores, voluntários, parceiros, pares, comunidade etc. Então, é preciso estudar, conhecer, se informar. As bases da comunicação não mudaram muito, precisa ter foco, saber o que dizer e para quem dizer, mas houve uma revolução na forma de como dizer. 

Gecom: Muito antes da pandemia, a comunicação já vivia uma mudança, assim como os comunicadores, em especial os jornalistas, principalmente no uso das mídias sociais. Em sua opinião, com a pandemia, a mudança permanece a mesma ou tem algo novo que ainda os jornalistas e comunicadores terão que aprender? E o que você aconselha aos mais novos e os tradicionais a fazerem durante e após a pandemia passar? 

Julia Guarilha: Os profissionais de comunicação foram deslocados de sua função inicial com a "concorrência" de tanta gente filmando, fotografando, escrevendo, postando. Isso não é ruim. Precisa descer do pedestal, ampliar a visão, entender melhor o que acontece. A massificação e o ritmo frenético da internet também geram superficialidades. É nessa área que é possível se diferenciar. A simplificação, a falta de pesquisa, a eliminação do contraditório são mortais para um bom profissional de comunicação em qualquer área em que atue. Então, pesquise, informe-se, pergunte, desconfie. 

E tem que estudar, conhecer novas experiências, trocar ideias com quem está mergulhado nesse mundo. Embora seja um campo novo, há pesquisas sobre a dinâmica das novas tecnologias e muita gente pensando e discutindo esse tema. A pandemia ampliou o acesso à informação, tem live para todos os gostos e assuntos. Antes você precisava se inscrever e ficar fisicamente a postos, agora é só se organizar para assistir on-line ou depois. Para não se perder, é bom respirar fundo e se organizar, escolher os temas que mais lhe interessam e fazer uma agenda de aprendizagens. Isso é essencial: estar aberto a aprender e não só do que vem da academia. Há muita gente que nunca pisou numa faculdade de comunicação e tem muito a dizer sobre esse tema. Então, o profissional de comunicação hoje é mais exigido e tem mais responsabilidades. E isso só valoriza a profissão.


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