terça-feira, 30 de novembro de 2021

Comunicação para ONGs: O que você precisa saber para ter um bom relacionamento com a imprensa

Crédito: Maíra Coelho


A nossa entrevistada do mês tem um vasto currículo e uma trajetória de respeito. Militante do jornalismo e direitos humanos, Rosayne Macedo, 52 anos, aceitou o convite para falar sobre relacionamento entre a imprensa e os comunicadores do Terceiro Setor.

Jornalista especializada em saúde, criadora e editora-chefe do Portal ViDA & Ação, onde assina a seção Boas Ações às sextas-feiras, é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic/RJ), pós-graduada em Comunicação Empresarial (AVM/Ucam) e MBA em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial (MBKM/Crie/Coppe/UFRJ). Possui  especializações em Jornalismo de Políticas Públicas Sociais (UFRJ), Coaching e Marketing Digital, dentre outras.

Foi editora de Saúde e Meio Ambiente do Jornal O Dia, onde também assinava a coluna Conta Social, sobre sustentabilidade e responsabilidade social, além de editora das revistas Mundo Verde e Esporte & Vida e repórter da Revista Pense Leve e consultora pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) para o Governo do Tocantins. Com passagens pela Folha de S. Paulo, TV Record (RJ), Meio & Mensagem, Revista Macaé Offshore e outras publicações, atuou em assessoria, consultoria e serviços para marcas, governos, empresas e instituições de grande alcance social, político e econômico, como Sebrae, Governo do Estado do Rio, Instituto Beleza Natural, Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) e Pré-Sal S.A.

Confira a entrevista.

Gecom: Conte um pouco sobre sua trajetória de jornalista até chegar na cobertura de pautas de ONGs e outras iniciativas sociais.

Rosayne Macedo: Em mais de 30 anos de carreira no Jornalismo, divididos entre “os dois lados do balcão”, tive a felicidade e a oportunidade de trabalhar ao lado de grandes profissionais, com os quais aprendi e aprendo muito, em várias redações e assessorias de comunicação. Iniciei minha carreira como estagiária de Radiojornalismo em uma emissora no interior do Estado do Rio de Janeiro (Difusora AM, em Campos dos Goytacazes), onde dava até 'receita de bolo', entre outras tarefas atribuídas aos 'focas'. Após importantes colaborações para veículos no interior, mudei para o Rio de Janeiro, a convite do jornal O Dia (RJ), onde atuei em dois ciclos, completando mais de 13 anos. Dentre as diferentes colaborações em segmentos que passaram do jornalismo investigativo a negócios, varejo e indústria de petróleo, foi nas áreas de Saúde, Bem-Estar e Sustentabilidade com que mais me identifiquei. Nessa mesma linha, tive a oportunidade, ao longo da carreira, de colaborar como repórter da revista Pense Leve e editora das revistas Mundo Verde e Esporte & Vida.

A ‘virada de chave’ na carreira ocorreu em meu segundo ciclo no Dia, entre 2015 e 2017, quando era editora-assistente de Rio (só tiro, porrada e bomba!) e passei a acumular a função de responsável pelas páginas de Saúde e Vida & Meio Ambiente, além de ter a honra de assinar, aos domingos, a prestigiada coluna Conta Social, com foco em Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Terceiro Setor. Foi neste período que criei o então blog ViDA & Ação, para ampliar o espaço a temáticas de grande alcance e interesse público que, infelizmente, já não cabiam nas – cada vez mais minguadas – páginas impressas. Com a saída do referido jornal e sob o incentivo de inúmeros colegas das assessorias, decidi transformar o então blog em uma página própria e dar continuidade àquele trabalho de forma mais independente e com maior isenção. Nascia, em setembro de 2017, o Portal ViDA & Ação. Foi a partir dessa experiência que pude atuar como consultora de Comunicação pela Opas/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde) para  a Secretaria Estadual de Saúde no Tocantins, uma experiência curta, mas muito rica. Outra oportunidade relevante para a minha carreira na área de Terceiro Setor veio entre agosto de 2019, quando fui convidada para chefiar a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do RJ, onde implementei o novo site da pasta, entre muitas outras atividades, em diversas frentes.

Em março de 2021, voltei a colaborar nas áreas de Desenvolvimento Econômico e Social e Sustentabilidade para o site Diário do Porto, onde havia atuado entre 2018 e 2019. A partir de agosto de 2021, passei a colaborar para a nova revista Rio Já, nas áreas Social, Entretenimento, Turismo e Cidades. Em setembro de 2021, recebi o convite para integrar a equipe de Comunicação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o que muito tem enriquecido minha carreira profissional, especialmente no que diz respeito à divulgação de leis e projetos sobre temáticas sociais. Atualmente, tento equilibrar essas duas últimas atividades com a função (ou seria missão?) de comandar o portal ViDA & Ação, minha 'menina dos olhos' e meu projeto de propósito, onde tenho a oportunidade de falar sobre saúde, bem-estar e temas do bem, como sustentabilidade, responsabilidade social e terceiro setor. Afinal, não dá para ser saudável sem cuidar da saúde do planeta e contribuir para a saúde da nossa sociedade, que, infelizmente, vive muito doente de falta de empatia, solidariedade e respeito.

Crédito: Ricardo Albuquerque


Gecom: Quais eram as pautas mais comuns que você costumava receber pelas ONGs e como era feito esse trabalho de seleção da notícia?

Rosayne Macedo: Recebia pelo Jornal O Dia e recebo até hoje pelo ViDA & Ação muitas pautas relacionadas a ações de responsabilidade social de empresas e também de instituições e organizações sociais sem fins lucrativos. O trabalho de seleção é feito sempre a partir do interesse público pela notícia, especialmente quando diz respeito a um serviço público: campanhas de doação de alimentos, de sangue, de órgãos; campanhas e ações de apoio a pessoas doentes ou vulneráveis;  incentivo a atitudes sustentáveis e consumo consciente, dentre outras. Sempre que possível abro espaço para pautas que tratam de uma 'boa ação', que podem inspirar e incentivar pessoas a realizar atividades em benefício de causas sociais importantes com as quais me identifico para, efetivamente, contribuir para uma mudança de atitude.

Gecom: Nem todas as ONGs têm uma estrutura de comunicação ou um profissional dedicado à assessoria de imprensa. De que forma isso impacta no momento de sugerir uma matéria para os veículos de comunicação?

Rosayne Macedo: A maior dificuldade - e não diz respeito às ONGs, mas das assessorias de imprensa de maneira geral - é a oferta de boas imagens (fotos, vídeos) e relatos por escrito ou áudios de ‘personagens’, preferencialmente pessoas beneficiadas pelas ações, no caso das pautas de interesse social. Infelizmente, por se tratar de um veículo ainda pequeno e sem estrutura, não temos como apurar melhor todos os temas que são do foco e linha editorial do ViDA & Ação, pela ‘falta de braços’ e não de vontade ou interesse profissional. Por conta disso, é fundamental que o material recebido das assessorias venha ‘o mais redondo possível’, ou que o assessor/a se coloque à disposição para nos ajudar com os materiais solicitados. Vale lembrar que a técnica de storytelling (contação de histórias) tem sido cada vez mais empregada no Jornalismo, por criar ganchos interessantes para a visibilidade de uma matéria no site ou post nas redes sociais. A oferta de bons personagens e fotos, áudios ou vídeos - preferencialmente exclusivos - irá impactar sobremaneira no destaque a ser dado a determinada pauta ou matéria tanto na plataforma ViDA & Ação, quanto nas redes sociais a ela atreladas (Facebook, Instagram, Youtube e Linkedin).

Arquivo pessoal


Gecom: A partir da sua experiência, o que você recomendaria aos comunicadores e jornalistas que trabalham no campo do Terceiro Setor ao trabalhar esse relacionamento com a imprensa?

Rosayne Macedo: Além da oferta de materiais mais completos, conforme mencionado anteriormente, é extremamente importante que seja feito um bom ‘follow-up”. O contato com o jornalista responsável - hoje muitas vezes realizado pelo Whatsapp, respeitando-se limites de horários e evitando a ‘invasão de privacidade’ desnecessária - para reforçar a pauta, oferecer outros detalhes ou colocar-se à disposição é fundamental. Muitas vezes numa redação, mesmo de veículos pequenos, o volume de material recebido por e-mail é absurdamente alto (às vezes, 200 e-mails por dia), o que inviabiliza muitas vezes a filtragem dos temas de interesse e um olhar mais diferenciado para a pauta, especialmente quando o jornalista atua sozinho ou com equipe muito enxuta. É importante também salientar que, após a publicação, é importante manter o bom relacionamento com o jornalista, até mesmo para alimentar futuros espaços para o mesmo ou outros clientes. Neste sentido, a replicação do conteúdo publicado nas redes sociais da ONG ou empresa é de fundamental importância para criar o caráter viral da divulgação, marcando/citando as redes sociais do veículo, o que contribui também para maior visibilidade do tema e engajamento do público. Também é uma maneira simpática de agradecer pela publicação e mostrar a relevância daquele espaço para a marca/ONG/projeto, para além do simples fato de ajudar a ‘engrossar’ o clipping do cliente.


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