terça-feira, 31 de agosto de 2021

Saúde mental dos comunicadores: a importância do cuidado

Arquivo pessoal


Esgotamento mental, ansiedade, depressão e perda de sono são as condições de adoecimento que mais aparecem nas respostas pelos profissionais da comunicação no relatório sobre “Como trabalham os comunicadores no contexto de um ano da pandemia de Covid-19?”, realizado pelo Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) da Escola de Comunicação e Artes - Universidade de São Paulo (ECA-USP/CNPq), no período de 5 a 30 de abril deste ano.

A pergunta Você adoeceu na pandemia? obteve 68% de respostas afirmativas, sim adoeceram; e 32% negativas, não adoeceram. O gráfico abaixo apresenta os sintomas citados pelos respondentes e quantas pessoas os citaram.



“Aproximadamente 20% dos respondentes afirmaram ter contraído a Covid-19, enquanto muitos outros relataram ter sentido sintomas condizentes com os da doença”, aponta o estudo.

Convidamos para falar sobre a saúde mental dos comunicadores o psicólogo e terapeuta clínico, Rodrigo Barreto, que atende profissionais da área de comunicação, no Espaço de Desenvolvimento Ser e Crescer (dois escritórios nos bairros Figueira e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense), onde coordena uma equipe de profissionais qualificados na área da educação, saúde mental e emocional. Formado pelo Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR), com mais de 10 anos de experiência e diversos projetos sociais no currículo, Rodrigo é palestrante há mais de 20 anos e desenvolve atividades com empresas e igrejas através de treinamentos, cursos e palestras motivacionais.

Gecom: Há quanto tempo você atua como psicólogo, atendendo profissionais na área de comunicação?

Rodrigo Barreto: Eu atuo há mais de 10 anos como psicólogo clínico, atendendo de forma profissional não só na área clínica, mas também em hospital e como profissional da área da psicologia organizacional. Atualmente, eu tenho alguns profissionais que atendo dentro do meu consultório na área de comunicação, jornalistas, profissionais que atuam no marketing, designer gráfico... Esses profissionais nos procuraram a partir de algumas mudanças comportamentais significativas que estavam prejudicando no desenvolvimento das atividades laborativas no dia-a-dia. E, então, esses profissionais tiveram a necessidade de buscar um psicólogo para ajudar nesse momento.

Gecom: Houve alguma diferença no número de atendimentos desses profissionais desde a pandemia?

Rodrigo Barreto: De uma forma geral, eu acredito que não só o meu espaço, o meu consultório, mas os consultórios de outros profissionais da área do psiquê, bem como os consultórios dos neurologistas, dos psiquiatras, dos profissionais em geral que atuam com o trabalho do desenvolvimento humano, do cuidado humano, certamente teve um aumento significativo nesse período da pandemia. Porque de fato essas pessoas ficaram muito sobrecarregadas, emocionalmente falando.

Arquivo pessoal


Gecom: Há resistência desses profissionais em procurar um psicólogo?

Rodrigo Barreto: Eu não percebi nenhum tipo de resistência desses profissionais na procura de um atendimento psicológico, apesar de a gente saber que historicamente a população tem uma resistência muito grande na busca de um profissional, de um psicólogo ou até mesmo de um médico para lhe dar com as questões que envolve com o psiquê, que envolve o equilíbrio emocional. As pessoas ainda têm uma ideia de que quem vai ao psicólogo ou é maluco ou está ficando maluco. É uma ideia muito errada e na verdade quando a gente tem alguma dificuldade, a gente precisa procurar um profissional para que essas dificuldades não se torne um problema maior lá na frente.

Gecom: Quais sintomas os comunicadores têm apresentado nas consultas em seu escritório?

Rodrigo Barreto: Os sintomas mais comuns em que esses profissionais da área de comunicação têm apresentado estão relacionados com a ansiedade e depressão. Então, os sintomas podem estar relacionados ao medo, a insegurança, a problemas ou dificuldades com o sono, dificuldades na concentração, irritabilidade, angústia e até mesmo pensamentos negativistas.

Gecom: Quais causas você atribui a esses sintomas?

Rodrigo Barreto: As causas são diversas. Eu não posso definir uma causa específica para manifestação desse tipo de comportamento ou dificuldade que esses profissionais têm enfrentado e ocasionado a ansiedade e a depressão, que são as patologias mais presentes na vida desses profissionais que me procuraram. Mas, certamente, a pressão no trabalho é um fator. A demanda no trabalho de home-office pra esses profissionais aumentou de forma absurda. Algumas pessoas acham que o trabalho de home-office é um trabalho fácil. Pelo contrário, é um trabalho muito mais desgastante por envolver a questão de estar em casa, envolver família, ter que administra a família, ter que administrar os filhos e isso se tornou uma dificuldade a ser administrada. Então, a pressão com o trabalho a gente percebe que aumentou. A própria questão da pandemia faz com que ou fez com que alguns desses profissionais fossem acometidos pela Covid-19. Alguns profissionais que nos procuraram tiveram perdas significativas, sejam elas por pessoas que vieram a falecer e perdas, também, que diz respeito à vida salarial. Alguns profissionais, também, perderam seus empregos, perderam suas atividades laborativas e, com certeza, essas são algumas causas que a gente pode relacionar com a questão da ansiedade e do surgimento também da depressão.



Gecom: Quando um comunicador deve procurar um psicólogo e quais cuidados você recomenda para ter uma saúde mental equilibrada?

Rodrigo Barreto: O comunicador ou profissional da área de comunicação ele deve procurar um profissional, um psicólogo quando perceber que o seu comportamento e as suas atitudes não condizem com a pessoa que ele é. Então, “eu tô tendo taquicardia”, “eu estou tendo pensamentos negativistas”, ‘eu mudei meus hábitos drasticamente”, “eu saia, não tô saindo mais”, “era comunicativo, não tô sendo mais”, “eu tinha amigos, agora não tô querendo ter mais amigos”, então são os indicativos que fazem com que essa pessoas tenham que fazer a busca por um profissional afim de ajudar. Eu recomendo, ainda que em pandemia, pra que você tenha uma boa saúde emocional, ou que você mantenha o equilíbrio emocional, que você possa praticar alguma atividade física, que você possa fazer uso de boas leituras, que você possa ter um bom ciclo social, um bom movimento social. A gente pode hoje utilizar isso através da tecnologia, fazendo videochamadas, montando grupos que você possa aproveitar a sua família, fazendo com que algumas coisas que você normalmente não faz com a sua família, você possa fazer. Essas são algumas dicas que a gente deixa para que você possa manter a sua saúde mental equilibrada e a fim de que você possa desenvolver a sua vida de maneira prazerosa.

Por fim, vai parecer antagônico o que vou falar, mas ‘maneirar’ também nas redes sociais é uma dica. Porque informação demais traz ansiedade. Informação de menos traz angústia. Mas a gente tem que manter o equilíbrio, então é bom, às vezes, a gente tentar se afastar um pouquinho das redes sociais, porque a gente acaba absorvendo muitas coisas negativas. Então, isso é bom para que a gente tenha uma higiene mental. Também, tomar cuidado com a alimentação. Nesse período de pandemia, a gente acaba fazendo uso da nossa alimentação de maneira errada. Então, tomar cuidado com a forma que a gente tá se alimentando, também.

Divulgação


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