domingo, 8 de setembro de 2013

Um informativo estratégico

O informativo criado na ONG em que atuei tinha o objetivo muito mais do que informar as ações da instituição. Seu papel era, também, servir como um relatório do dia-a-dia da ONG, além de ser uma ferramenta de reconhecimento e valorização das pessoas.
 
E como era feito isso?
Especificamente nesta ONG, o seu maior atrativo eram as apresentações e passeios de seu grupo de crianças e adolescentes, que eram realizadas durante o ano. A partir daí, fazia-se uma cobertura normal de uma notícia e registrava-se tudo. Inicialmente era elaborado um texto mais completo, com informações e dados detalhados para registro institucional e, em seguida, compilávamos as informações para adaptar a notícia ao informativo impresso. Como o informe seria para um público diverso, o texto deveria conter uma linguagem simples, direta e sem muitos termos específicos. Quando alguma palavra pouco comum era utilizada, era necessário explicá-la. Os textos mais completos eram arquivados para fins de relatório e consulta. A edição para o impresso acontecia sem prejudicar a informação e sua veracidade.
Da mesma forma acontecia com o registro fotográfico. A fotografia, que é bastante valorizada nesta instituição, tinha um valor crucial. Sem imagens, sem fotos, a notícia e os eventos eram praticamente “nada”. Portanto, fotos eram para serem feitas como fotonotícia e fotografia para registro de eventos.
O jornal é muito mais do que um informativo impresso do dia-a-dia. Ele é um relato histórico. Ele é o currículo do jornalista, um (quase) relatório da instituição e muito mais do que se pensa.
Portanto, ao elaborar uma matéria, ao escrever um jornal, tenha discernimento do que está fazendo e paixão pelo que decidiu fazer.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A importância de um jornal impresso em projetos sociais

Ao trabalhar a comunicação dentro de um projeto social deve-se ter muito cuidado ao selecionar o meio em que a mensagem será transmitida para o público.
 
Não adianta publicar notícias em redes sociais se o público que você quer informar dificilmente tem acesso à internet e muito menos um computador. Apesar de que atualmente estas serem as mídias do momento, em uma comunidade de baixa renda o que prevalece, ou o que chega primeiro até elas é o boca-a-boca, o jornal comunitário impresso ou a rádio comunitária.
Não nego a necessidade de usar as redes sociais, desde que se saiba para qual público é o foco e qual o objetivo. Explicarei o uso destas ferramentas em um post futuro.
Falarei agora sobre o jornal impresso em projetos sociais em comunidades onde o grau de baixa instrução é relevante.
Criar um informativo impresso com textos imensos com pouca ou quase nenhuma ilustração é arriscado. A comunidade vai ignorar o material e vai te achar mais um intelectual que não entende a realidade dela.
A sugestão é criar um meio impresso com textos simples, objetivo e direto, além de um destaque maior para imagens com pessoas da comunidade. Faça textos que falem da ação social e quais benefícios estão levando para os moradores daquela região. Destaque as pessoas e quando entrevistá-las publique a foto de quem falou.
O jornalismo tem o papel social de contribuir para a formação cultural das pessoas e de educá-las. E se educar é, também, instruir formando cidadãos, porque um jornal de ONG não pode ensinar ou estimular as pessoas à leitura?
Quando aquele morador pegar seu  jornal e começar a ver fotos, poderá ficar curioso em saber o que está escrito. Se alguém o ajudá-lo irá perceber que o seu texto tem qualidade e fala diferente, fala a língua dele. Ao ler algumas palavras de destaque (como as “chamadas”, o “olho”, as “legendas”), vai se sentir estimulado e irá querer aprender mais.
Porém, você deve achar que se uma outra pessoa ler o seu jornal poderá sentir-se menosprezado pela linguagem pobre e com mais imagens do que palavras. Colocando em prática o que se aprende com as técnicas de jornalismo e comunicação na faculdade, você irá achar o meio termo e conseguirá agradar aos dois públicos (não na mesma proporção, mas conseguirá).
Não ignore seu público, muito menos a informação que tem para transmitir. Procure ser didático, quando for possível, sem muitos detalhes, e faça bom uso da diagramação e das imagens para ilustrar o que você escreve.
Quando aquele morador ler o seu jornal todo e disser que você escreve pouco, sinta-se feliz.
Afinal, não dizem que algumas pessoas aprenderam a ler lendo jornais e revistas em quadrinhos? Por que uma criança ou um adulto não podem aprender a ler com o seu jornal?

domingo, 30 de junho de 2013

Um pouco do aprendizado

Aprendi jornalismo na prática. Aprendi a entrevistar, fotografar e improvisar sempre que necessário.
 
Assim como qualquer outra profissão, aprendi (e continuo aprendendo) a fazer jornalismo praticando. Foi a partir de uma iniciativa pessoal, dentro de uma ONG que comecei a exercer a função de jornalista. Iniciei com um informativo impresso de uma página, diagramação simples e notícias curtas e objetivas, como a instituição necessitava. Era um informativo mensal, onde relatava o que acontecia na instituição, focando sempre as pessoas. Naquela ocasião, colocava em prática a minha técnica de escrever, a fotografia, a busca da informação e o conceito de notícia.
Meses depois, a partir de um trabalho na faculdade, elaborei um minitablóide especial: formato A-3 dobrável, com 4 páginas e colorido. A tiragem era sempre pequena (devido ao custo de produção, pois o dinheiro saia do próprio bolso) e era distribuída para o público interno e por e-mail para diversos públicos.
A partir deste trabalho, o informativo adotou esta nova diagramação e com o tempo passou a ser bimestral.
Neste novo formato aprendi a trabalhar melhor com pauta, apuração de matéria, técnicas de entrevista, fotonotícia, diagramação, pesquisa e termos técnicos do jornalismo. Com um minitablóide, junto com um amigo da faculdade, aprendi como se trabalha em parceria durante uma cobertura de um evento ou na produção de uma notícia.
Com o tempo, o informativo criou sua própria identidade. Já possuía máscaras para diferentes notícias, mas sempre obedecendo a um padrão visual específico; uma linha editorial que valorizava as pessoas e as ações sociais da instituição; chavões próprios, sem cair no ridicularismo; foco na imagem e linguagem de fácil entendimento e assimilação para o público interno e externo.
Enquanto coordenei a publicação, o informativo era encaminhado no formato PDF para os núcleos da instituição que existiam na França e na Espanha com linguagem original (o público de lá entendia português e aceitava receber a publicação assim mesmo, acho que era para treinar o nosso idioma).
O passo seguinte era aplicar a técnica do jornal mural, que durou pouco tempo.
Infelizmente, por razões internas da organização, não pude prosseguir com a evolução do informativo que seria a passagem do minitablóide para o formato de um jornal, a publicação nas redes sociais, além da tradução em outros idiomas entre outros objetivos.
Foi uma experiência, particularmente, enriquecedora.

domingo, 16 de junho de 2013

O trabalho da Comunicação em ONGs

Trabalhar com Comunicação em projetos sociais é uma tarefa árdua, porém prazerosa. Requer dedicação, empenho, criatividade e investimento. O profissional deverá dedicar seu foco em uma área onde paga-se pouco ou nada. É muito difícil se estabilizar e depender financeiramente deste trabalho. Compreende-se, portanto, o porquê de poucos se dedicarem a esta área.
No entanto, organizações do Terceiro Setor que possuem altos investimentos são capazes de segurar o profissional, caso este demonstre a importância de seu papel e sua função lá dentro.
Em organizações de pequenos investimentos ou nenhum, nada é seguro.
Na maioria das pequenas organizações do Terceiro Setor não existe uma estrutura profissional definida na prática. Na teoria pode até existir, mas na prática são todos (ou quase todos) fazendo tudo (ou um pouco de cada). Acaba-se trabalhando no improviso, mas no final o resultado é positivo e o profissional de Comunicação não vai fugir à regra. Seja ele jornalista, publicitário ou relações-públicas, vai atuar em todas as frentes. Este profissional deve estar preparado para atuar nas funções básicas da Comunicação. Isto também não significa que o publicitário vai sair fazendo entrevistas para criar um jornal e o jornalista irá gerar campanhas publicitárias.
O que se tem que entender aqui é o básico da Comunicação. Saber se a mensagem está sendo transmitida corretamente, se os meios utilizados estão bem empregados, se houve recepção da mensagem e outras coisas mais.
É preciso entender da marca e imagem daquela organização, traduzir para o gestor dela a interpretação da mídia, aconselhá-lo como lhe dar com os diversos públicos, etc.
São noções básicas que adquirimos durante a nossa formação acadêmica e que entendemos melhor quando colocamos em prática.
Pode até ser que exista um jornalista que entenda de campanhas e um publicitário que saiba fazer um jornal. Todavia, se já é desgastante atuar em seu próprio campo imagine só atuar em outros sem dominar um conhecimento preciso (só existe comunicação a partir do que o outro entende).
É aí que surge uma confusão entre o gestor da organização e o profissional de Comunicação. E, neste caso, serve para as grandes e pequenas organizações do Terceiro Setor. Muitos contratam esperando que a organização apareça na mídia, com o nome na boca do povo e que, assim, será mais fácil captar recursos. Isto é possível por meio da Comunicação, mas não vai depender somente deste profissional. Estes trabalham em equipe (ou pelo menos deveriam fazer isso) e dentro de sua habilitação. De acordo com os objetivos da organização, caberá ao comunicador esclarecer a sua função, definir seu papel, expor as necessidades para cumprir com o objetivo e estar preparado para os imprevistos. Ele deve limitar o seu campo e agir em outros, sem erros comprometedores, desde que possua um mínimo de conhecimento.
O que muitos gestores não entendem é que é preciso ter uma equipe de Comunicação para que estes resultados “fantásticos” aconteçam.

domingo, 2 de junho de 2013

O papel do profissional de Comunicação em ONGs

O papel da Comunicação em qualquer lugar é sempre ser o “meio” e não o “fim”. Não se pode deixar confundir. A Comunicação produz o que o cliente solicita e entrega o produto que possa contribuir para o resultado final. Por isso, em qualquer empresa, instituição governamental ou não, a Comunicação é um meio. Ela é um meio para se alcançar resultados com qualidade.
 
Muito ainda se questiona sobre os resultados produzidos por ela e se realmente se faz necessário. Em se tratando do Terceiro Setor é imprescindível.  Alguns gestores até conhecem a ferramenta, mas não sabem como usá-la. Eles até se arriscam a realizarem tarefas que deveriam ser designadas a um profissional da área e o resultado acaba não sendo o mesmo. Quando esses mesmos gestores se dão conta de que é preciso contratar alguém que conhece o ramo e que ele deve é fazer gestão sobre o seu projeto, ele contrata um marketeiro. Tudo bem, não está totalmente errado e nem estou desmerecendo o trabalho deste profissional. No entanto, sabendo que  seu projeto envolvem outras necessidades, não é bem isso que ele procura.
Para exercer um bom papel dentro de uma organização do Terceiro Setor, o profissional de Comunicação deve entender os conceitos básicos dessas duas áreas (Comunicação e Terceiro Setor). Distinguir aquelas que são assistências e as que são realmente sociais. Eliminar o pré-conceito de que “ONGs não pagam e quando pagam, pagam mal” e de que “ONG só serve para lavar dinheiro”. Desfazendo-se dessas frases prontas você abre sua mente para estudar e compreender uma nova realidade.
O comunicador deve exercer um papel de conselheiro e educador para o seu gestor, pois muitos deles confundem a proposta que o governo e os empresários ofertam e acabam cometendo alguns deslizes. Sem preparo, esses gestores colocam seus planos e um projeto bem intencionado por água abaixo.
Um profissional de Comunicação nesta área poderá orientá-lo qual a melhor hora e que meio ele deverá utilizar para difundir seus projetos. Este mesmo profissional irá elaborar uma estratégia que o faça cumprir com seus planos. Aí é seguir à risca.
Os patrocinadores (governo, empresas e empresários) querem profissionalismo, divulgação de suas marcas e saber como os recursos estão sendo utilizados. Então, um relatório bem estruturado, com a marca da ONG em um papel timbrado produz essa imagem. A produção de peças publicitárias, a divulgação das ações dentro do tempo certo e o contato com o público na medida certa mostram esse cuidado. E tudo isto é questão de trabalho, tempo e compreensão. Três conceitos que já existem dentro das ONGs, mas que precisam ser despertados pelos verdadeiros profissionais capacitados para exercerem essa dinâmica. E este papel cabe aos comunicadores: jornalistas, publicitários e relações públicas.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O profissional de Comunicação em ONGs

Os profissionais de Comunicação que decidirem trabalhar em organizações não-governamentais (ONGs), ou seja, na área do Terceiro Setor devem ficar atentos em alguns pontos importantes que muitas vezes podem passar despercebidos.
 
Alguns optam por trabalhar nessa área por oferecer uma liberdade maior de expressão e criatividade, além de ser um meio mais curto de exercer a prática da profissão quando não se está em alguma empresa de grande porte. Isto é, quando se trabalha voluntariamente. Também tem aqueles que atuam por prazer, simplesmente por entender que contribui por um bem social.
É evidente que não se remunera um profissional de Comunicação em ONGs da mesma forma que em uma empresa. No entanto, eles são remunerados sim, e são raras aquelas instituições que remuneram razoavelmente. É lógico que nenhuma ONG pequena irá pagar nem a metade do que se paga em uma empresa, até porque as necessidades de seus gestores são outras.
Porém, não devemos deixar de exercer nosso papel social e difundir, também, nosso conhecimento: “jornalismo antes de ser uma profissão ele é uma missão”.
Então, aquele que opta por esta profissão e, principalmente, decide se “aventurar” na área do Terceiro Setor deve entender além do profissionalismo que está exercendo. Ele está em uma missão.
Exercer, propagar e defender sua profissão em prol do bem social por intermédio das instituições não-governamentais. Aqui também me refiro aos publicitários relações públicas. Demonstrar a importância dessas profissões e o papel que pode ser desempenhado é uma missão a ser cumprida de forma inteligente e ética.
Vejamos. Muitos patrocinadores exigem profissionalismo dessas instituições. Para tanto, além de um gestor profissional e um projeto bem estruturado é preciso saber comunicar. Divulgar a imagem, informar o que é feito, relacionar-se com o público, enfim, orientar a organização como isto tudo e mais um pouco devem ser realizados é o papel do profissional de comunicação.
Eu defendo a ideia de uma equipe de comunicação, mas nem todas as ONGs tem essa possibilidade de terem essa estrutura. Então, pode-se iniciar com um ou dois profissionais, mas deixando bem claro seus papéis a serem exercidos.
Devemos ser humildes e éticos no que for proposto e aconselhar sobre o papel do comunicador. Afinal, sabemos que muitos ainda confundem o nosso papel.
Enfim, busque uma oportunidade voluntária. Identifique-se com a causa daquela instituição. Ouça e perceba as necessidades. Demonstre como você pode colaborar. Descreva sua profissão. Trabalhe em equipe e com prazer. Os resultados serão satisfatórios. A experiência será única. Mas lembrem-se, nunca forcem a barra. Se o cliente não quiser, não quer. Não insita. Persista com a causa, mas não insista. É meio confuso e forçoso, mas é assim mesmo.