sábado, 30 de julho de 2016

Trajetórias de pessoas que fazem a diferença


Contar histórias de pessoas que fazem a diferença com poucos recursos para mudar a realidade daquelas que vivem a sua volta. Foi com esta missão que nasceu o Projeto Trajetórias (o mais novo projeto de comunicação da ONG Atados Rio) com uma equipe de mais de 50 voluntários que se uniram e visitaram seis comunidades do Rio de Janeiro para produzir vídeos sobre relatos inspiradores dessas pessoas.

“O Trajetórias surgiu a partir de uma vontade nossa, do Atados, de contar as histórias que escutamos quando visitamos as ONGs. São histórias de pessoas incríveis, que batalham muito por uma melhora para a sociedade”, conta Gabriel Faro, coordenador de Comunicação da ONG Atados Rio.

A equipe de voluntários visitou as comunidades Pavuna/Chapadão, Rocinha, Pereira da Silva, Cantagalo, Dona Marta e Providência entre os meses de junho e julho. Cerca de 36 vídeos foram produzidos pelos grupos que eram formados por captadores de histórias, comunicadores, videomakers, designers e editores.

De acordo com o coordenador, “Quando convocamos os voluntários não fizemos nenhuma especificação quanto a formação, apenas dissemos o que precisava ser feito. Ficava a encargo da pessoa decidir se queria e se achava que podia cumprir com a função. O mais importante para gente é a vontade de fazer acontecer e nem tanto a capacidade de cada um.”

A escolha do vídeo, como ferramenta de comunicação do Projeto, foi estratégica. “Não queríamos que essas histórias ficassem só em nossos ouvidos e corações, mas que pudessem tocar os de outras pessoas também. Por isso, chegamos a conclusão de que o vídeo era o melhor formato para cumprir com esse objetivo”, explica Gabriel. 

A primeira oportunidade 

Alguns voluntários são estudantes de Comunicação ou estão fazendo alguma especialização na área. É o caso de Andressa Rodrigues, formada em Jornalismo e estudante de pós-graduação em Produção Audiovisual, que teve sua primeira experiência como voluntária em um projeto.

“Sempre tive vontade de fazer um trabalho voluntário, mas não sabia direito como procurar e achar algo que tivesse haver comigo. Quando descobri o projeto de cara me interessei. Poder ajudar outras pessoas dentro da área de comunicação foi a melhor maneira de poder contribuir”, conta Andressa, que foi a editora dos vídeos da comunidade Santa Marta.

Para Danielle Crys, estudante de Jornalismo e que, também, atuou como editora dos vídeos da comunidade Pereira da Silva, o trabalho foi muito gratificante. “Sempre tive vontade de fazer trabalho voluntário, mas nunca tinha tomado a iniciativa e estava passando por um momento complicado na minha vida. Participar desse projeto foi um meio de me reencontrar como ser humano. Ajudar a contar histórias de pessoas tão brilhantes, que fazem o bem sem olhar a quem, mudou meu olhar de observar o mundo”.

Filipe Neves, que está no último período do curso de Publicidade e Propaganda, também teve seu primeiro trabalho voluntário pelo Projeto Trajetórias, atuando na comunidade Providência. Ele foi o responsável pela identidade visual, além de ajudar na escolha do nome Trajetórias. “O projeto foi muito interessante, pois através dele eu adquiri um novo olhar sobre as favelas. Antes, quando olhava para uma comunidade, tudo que eu via era um amontoado de casas. Agora, eu percebo que dentro daquelas construções existem pessoas, e cada uma dessas pessoas tem uma história para contar. Perceber isso, foi o meu grande aprendizado com o projeto”, conta Filipe. 


Curta os vídeos
 
Os vídeos estão na rede social Facebook desde o dia 20 de julho.
Toda segunda-feira é lançado um vídeo de curta duração. Às quintas-feiras é lançado o vídeo completo, todos na página oficial do Facebook do Atados-Rio.

Assista ao teaser do Projeto no link abaixo. 


Assista aos vídeos que já estão na rede.


Acesse o Facebook oficial do Atados Rio.



Sobre o Atados

O Atados é uma plataforma que une voluntários à projetos sociais através do site www.atados.com.br. A ONG surgiu em São Paulo, há 4 anos, e também está presente em Brasília e Curitiba, com uma rede de 40 mil pessoas, 400 ONGs e 30 empresas. A sede carioca foi lançada em dezembro de 2015 e já faz parceria com 90 projetos aqui no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O valor significativo da comunicação



Ao iniciar o processo de implementar um setor, uma equipe, um departamento ou uma área (fica a critério de cada um a terminologia) de Comunicação em uma organização sem fins lucrativos, como um meio de apoiar as soluções para os problemas detectados pelo diagnóstico do planejamento, é preciso convencer os olhares desconfiados de pessoas que não entendem muito bem o que significa adotar essa ferramenta estratégica.

O apoio da direção superior é indispensável para a realização desta proposta. Após uma apresentação teórica sobre o que significa ter uma área de Comunicação dentro de uma instituição, é necessário comprovar a sua necessidade e funcionalidade por meio da prática. O trabalho de convencimento deve ser feito dessa forma.

Kunsch (2007) cita,“é preciso ter a capacidade de inovar e assumir riscos constantes, baseando-se no pressuposto de que o conhecimento não é algo acabado e definido, mas algo que tem de ser desconstruído e reconstruído.”

Assim, o profissional de comunicação deve assumir a iniciativa de criar um meio de
comunicação simples e fácil que possa renovar de alguma forma a energia dos membros da instituição.

Como sugere Kunsch (2007), em sua metodologia alternativa do processo do planejamento da comunicação, “é preciso criar um instrumento com ênfase na participação, interação e valorização das pessoas e no trabalho integrado em equipe.”

Quando iniciei meu trabalho de comunicação em uma ONG, tomei a iniciativa de criar um pequeno informativo (de fato bem simples) feito em folha A-4, de uma página, com notícias objetivas e curtas sobre os interesses da instituição. O informe circulava internamente, com distribuição aos visitantes na sede. O informativo era estratégico para dar visibilidade às práticas e ações que faziam a diferença nas comunidades em que a instituição atuava, além de tentar (re-) unir todos os integrantes, especialmente os educadores.

O informativo funcionou como estratégia para implementar uma equipe de Comunicação na instituição e, também, como base para relatório ou registro de atividades. Por isso, cada passeio ou apresentação era motivo de pauta. A ida ao cinema para assistir à pré-estreia de um filme, as apresentações das crianças, a participação em palestras de cunho sociopolítico foram assuntos que tiveram uma análise cuidadosa para reforçar o argumento de que era necessário criar uma equipe de Comunicação.

Após seis meses, o informativo ganhou formato de minitablóide com quatro páginas. As notícias continuaram e houve mais destaques de matérias. As pessoas citadas no informe sentiam-se valorizadas. A simples menção de seus nomes as faziam sentirem-se importantes. O reconhecimento pelo que elas faziam e produziam, lhes dando visibilidade por meio de uma simples mídia, já era considerado um valor simbólico para ela na ausência de um retorno financeiro. Os protagonistas das matérias ficavam surpresos com os resultados e sentiam-se como se realmente estivessem em um jornal de grande mídia. O minitablóide ficava exposto na entrada da sede do grupo e os visitantes paravam para ler com muita atenção. Esta receptividade pelo público pode ser explicada nas seguintes palavras de Cicilia Peruzzo (apud KUNSCH, 2007)

Os movimentos sociais e as demais organizações sem fins lucrativos, uma vez percebendo-se ausentes da grande mídia na representação de seu modo de vida e de suas necessidades comunicacionais, passam a forjar uma comunicação própria, que em última instância participa de um processo de mobilização, visando à transformação social.

E complementa,

Trata-se de um fenômeno comunicacional que pressupõe o envolvimento das pessoas de uma “comunidade” ou dos movimentos sociais, não apenas como receptoras de mensagens, mas como protagonistas dos conteúdos e da gestão dos meios de comunicação. (PERUZZO apud KUNSCH, 2007).

Evidenciava-se o valor significativo da Comunicação, humanizar as pessoas.

Fonte: KUNSCH, Margarida Maria Krohling; KUNSCH, Waldemar Luiz. Relações públicas comunitárias: a comunicação em uma perspectiva dialógica e transformadora. São Paulo: Summus, 2007.