segunda-feira, 11 de julho de 2016

O valor significativo da comunicação



Ao iniciar o processo de implementar um setor, uma equipe, um departamento ou uma área (fica a critério de cada um a terminologia) de Comunicação em uma organização sem fins lucrativos, como um meio de apoiar as soluções para os problemas detectados pelo diagnóstico do planejamento, é preciso convencer os olhares desconfiados de pessoas que não entendem muito bem o que significa adotar essa ferramenta estratégica.

O apoio da direção superior é indispensável para a realização desta proposta. Após uma apresentação teórica sobre o que significa ter uma área de Comunicação dentro de uma instituição, é necessário comprovar a sua necessidade e funcionalidade por meio da prática. O trabalho de convencimento deve ser feito dessa forma.

Kunsch (2007) cita,“é preciso ter a capacidade de inovar e assumir riscos constantes, baseando-se no pressuposto de que o conhecimento não é algo acabado e definido, mas algo que tem de ser desconstruído e reconstruído.”

Assim, o profissional de comunicação deve assumir a iniciativa de criar um meio de
comunicação simples e fácil que possa renovar de alguma forma a energia dos membros da instituição.

Como sugere Kunsch (2007), em sua metodologia alternativa do processo do planejamento da comunicação, “é preciso criar um instrumento com ênfase na participação, interação e valorização das pessoas e no trabalho integrado em equipe.”

Quando iniciei meu trabalho de comunicação em uma ONG, tomei a iniciativa de criar um pequeno informativo (de fato bem simples) feito em folha A-4, de uma página, com notícias objetivas e curtas sobre os interesses da instituição. O informe circulava internamente, com distribuição aos visitantes na sede. O informativo era estratégico para dar visibilidade às práticas e ações que faziam a diferença nas comunidades em que a instituição atuava, além de tentar (re-) unir todos os integrantes, especialmente os educadores.

O informativo funcionou como estratégia para implementar uma equipe de Comunicação na instituição e, também, como base para relatório ou registro de atividades. Por isso, cada passeio ou apresentação era motivo de pauta. A ida ao cinema para assistir à pré-estreia de um filme, as apresentações das crianças, a participação em palestras de cunho sociopolítico foram assuntos que tiveram uma análise cuidadosa para reforçar o argumento de que era necessário criar uma equipe de Comunicação.

Após seis meses, o informativo ganhou formato de minitablóide com quatro páginas. As notícias continuaram e houve mais destaques de matérias. As pessoas citadas no informe sentiam-se valorizadas. A simples menção de seus nomes as faziam sentirem-se importantes. O reconhecimento pelo que elas faziam e produziam, lhes dando visibilidade por meio de uma simples mídia, já era considerado um valor simbólico para ela na ausência de um retorno financeiro. Os protagonistas das matérias ficavam surpresos com os resultados e sentiam-se como se realmente estivessem em um jornal de grande mídia. O minitablóide ficava exposto na entrada da sede do grupo e os visitantes paravam para ler com muita atenção. Esta receptividade pelo público pode ser explicada nas seguintes palavras de Cicilia Peruzzo (apud KUNSCH, 2007)

Os movimentos sociais e as demais organizações sem fins lucrativos, uma vez percebendo-se ausentes da grande mídia na representação de seu modo de vida e de suas necessidades comunicacionais, passam a forjar uma comunicação própria, que em última instância participa de um processo de mobilização, visando à transformação social.

E complementa,

Trata-se de um fenômeno comunicacional que pressupõe o envolvimento das pessoas de uma “comunidade” ou dos movimentos sociais, não apenas como receptoras de mensagens, mas como protagonistas dos conteúdos e da gestão dos meios de comunicação. (PERUZZO apud KUNSCH, 2007).

Evidenciava-se o valor significativo da Comunicação, humanizar as pessoas.

Fonte: KUNSCH, Margarida Maria Krohling; KUNSCH, Waldemar Luiz. Relações públicas comunitárias: a comunicação em uma perspectiva dialógica e transformadora. São Paulo: Summus, 2007.

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