sexta-feira, 29 de abril de 2022

Comunicação como ferramenta de mobilização social

 

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"A comunicação passou a ser uma preocupação central na dinâmica dos movimentos sociais. As simples associações espontâneas entre indivíduos mobilizados diante de uma causa se transformaram em projetos com objetivos e estrutura bastante elaborados - verdadeiras instituições com públicos definidos."

A citação acima é do livro "Comunicação e estratégias de mobilização social", de Márcio Simeone Henriques.

Ainda de acordo com o autor

"A sobrevivência desses projetos no novo cenário social, onde a atenção dos indivíduos é disputada entre várias redes de interação, requer uma intervenção mais especializada e profissional da comunicação", afirma.

E para ilustrar o papel da comunicação como ferramenta de mobilização social, entrevistamos a gestora de comunicação na ONG Nossas, Samira Martins.

Formada em Jornalismo pelo Centro Universitário Una em Belo Horizonte com especialização em Gestão Estratégica em Comunicação e Negócios pela PUC Minas e em Marketing, Branding e Growth Hacking pela PUC-RS, atuou como head de comunicação externa no grupo Invepar, possui uma sólida experiência em comunicação de projetos no segmento de óleo e gás (novos combustíveis sustentáveis da Petrobras), infraestrutura (Metrô Olímpico) e educação. Samira, também, foi finalista em quatro categorias do prêmio de melhores práticas em comunicação nos projetos da Petrobras.

Confira a entrevista.

Gecom: Conte sobre sua trajetória profissional até chegar na equipe de Comunicação do Nossas.

Samira Martins: Posso falar que em 15 anos de carreira passei por diversos segmentos que me permitem ter uma visão mais global e estratégica da Comunicação e da gestão de marcas. Iniciei minha carreira profissional no segmento de educação, atuando como analista de comunicação e Marketing no Centro Universitário Una. Na sequência, assumi o meu primeiro desafio de liderança bem diferente: a gestão da comunicação no projeto de construção da planta do diesel sustentável em uma refinaria da Petrobras. Foi um projeto muito desafiador e que me rendeu o convite para trabalhar na sede da Petrobras no Rio de Janeiro na diretoria que olhava todos os projetos de engenharia do Brasil. Ainda na petrolífera fiz uma migração para a área de Responsabilidade Social. O próximo desafio foi a gestão de comunicação no projeto da Linha 4, no metrô Olímpico na cidade do Rio de Janeiro, o que me rendeu após 2 anos o convite para trabalhar na sede da Invepar, uma das maiores empresas de infraestrutura do país, sendo responsável por estratégias de branding, marketing e digital em diversos segmentos de mobilidade como o Gru Airport e o MetrôRio. Após tanto tempo de aprendizado precisava alinhar os meus conhecimentos com um propósito de vida: fazer uma comunicação que transforma a sociedade.E por isso, assumi a gerência de comunicação da ONG Nossas em setembro de 2021.

Gecom: Qual o papel da comunicação do Nossas nas campanhas de mobilização da sociedade para uma causa?

Samira Martins: A Comunicação tem um papel muito estratégico na elaboração e divulgação das mobilizações do Nossas. Além de criar uma identidade visual que crie conexão com as causas, trabalhamos também em todas as estratégias de redes sociais, influenciadores, parcerias e relacionamento com a imprensa, entendemos como cada causa se conecta com os ativistas e com a nossa audiência. Além disso, pensamos como cada campanha pode ser, de fato trazer impacto de mudança ou de escalar o tema para um debate social.

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Gecom: Quais os desafios que a comunicação encontra nessas campanhas?

Samira Martins: A maior dificuldade é de fato lidar com tantas causas e campanhas tão necessárias no Brasil de hoje. A nossa frase mais conhecida nas redes sociais é que o ativista não tem um dia de paz e no Brasil não tem mesmo. Todos os dias temos alguma injustiça ou absurdo que acontece. A grande dificuldade é trazer um nível, uma consciência e engajamento para causas essenciais e às vezes não tão óbvias, como a questão da licença maternidade contar no tempo de aposentadoria das mães, ou do auxílio camelô no carnaval do Rio de Janeiro ou até de temas que ganharam o debate nacional como a pobreza menstrual ou o pacote da destruição que estava em tramitação no congresso.

Gecom: Quais recomendações você compartilha com os comunicadores que trabalham com campanha de mobilização social?

Samira Martins: Que a comunicação do terceiro setor brasileiro esteja aberta ao que chamo de transferência de domínio. Muitas vezes uma marca comercial e capitalista cria uma estratégia de comunicação genial e muitas vezes fechamos os olhos por não comunicar de fato com o nosso campo. Porém, há de se entender o que foi feito de bom, de estratégico e trazer isso em uma releitura para a comunicação do terceiro setor. Outro ponto é entender que o nosso trabalho é 100% focado em pessoas e em conexão, por isso, fazer pesquisas constantes, observar métricas e se permitir testar novos formatos de conteúdo para aumentar esse engajamento. Somente com testes e dados podemos ajustar as rotas e entender como falar com o nosso público.

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Sobre Nossas

O Nossas nasceu em 2011 com o Meu Rio, uma organização multicausas que aproxima os cariocas da política local. O Nossas impulsiona o ativismo solidário e democrático no Brasil, por meio da Rede Nossas Cidades, do Norte ao Sul do país, com a missão de fortalecer os movimentos e pessoas que estejam se organizando para fazer a diferença no território nacional. A organização faz isso compartilhando metodologias, dando treinamentos e oferecendo uma plataforma online de petições e campanhas, o BONDE. Em 2021, foram 15 campanhas vitoriosas em que mobilizaram milhares de pessoas, voluntários e organizações parceiras em todo o país, e cujo impacto transformou positivamente a vida de milhares de brasileiros.


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