terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Aprenda o que é importante no relacionamento entre a comunicação das ONGs e empresas patrocinadoras

Arquivo pessoal


Nesta última entrevista do ano, vamos encerrar com dicas valiosas para os responsáveis pela comunicação das ONGs que possuem algum tipo de patrocínio ou almejam esse tipo de parceria.

Claudio Jorge Oliveira, 56 anos, é jornalista e historiador, e foi coordenador de ativação de patrocínio e gerente de eventos e promoções na Petrobras. Nosso convidado aceitou a fechar nossa série de entrevistas com profissionais de comunicação, que realizamos este ano. Confira!


Gecom: Conte um pouco sobre sua trajetória de jornalista até o período em que foi coordenador de patrocínios.

Claudio Jorge: De 2005 a 2018 fui coordenador de patrocínio da música e patrimônio, coordenador de ativação de patrocínio e gerente de eventos e promoções (que também incluía alguns patrocínios).  Minha trajetória é peculiar por não ser linear, isto é, graduação e depois mercado de trabalho. Comigo foi o contrário. Primeiro, comecei a trabalhar para bem depois me graduar. Eu estava na Petrobras desde 1985, mas só em 1992 ou 1993 é que passei a atuar na comunicação da Refinaria Duque de Caxias (Reduc). Eu era responsável pela área editorial que incluía os informes para os empregados e o atendimento à imprensa. Havia uma jornalista contratada, que respondia pelos veículos e eu exercia uma função de supervisão. Nessa altura, eu já tinha cursado duas universidades e desistido antes de me graduar, a primeira de História, na Universidade Federal Fluminense (UFF) e a segunda de Letras, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Fiquei nesta atividade na Reduc até 2000, quando assumi a chefia da Assessoria de Comunicação por alguns meses e depois, já em 2001, saí da Reduc e fui para a área de planejamento de comunicação na sede da Petrobras. Foram dois anos muito legais, muito ricos profissionalmente, porque fiquei responsável pela coordenação do projeto de criação de um sistema de comunicação de crise e com isso tive a oportunidade de viajar e conhecer toda a grandiosidade da Petrobras, coisa que eu desconhecia, apesar de quinze anos na companhia. Em 2003, passei a trabalhar com patrocínios. Em 2005, finalmente me graduei em Jornalismo e dei a sorte de ter um concurso para profissional de comunicação na própria Petrobras. Concurso externo, com milhares de candidatos. Fiz, passei e aí virei profissional de comunicação.

Gecom: Muitas ONGs que começam seus trabalhos não têm um profissional ou uma pessoa responsável pela comunicação, seja por falta de dinheiro ou por não compreenderem sua importância. No momento em que elas conseguem patrocínio, você considera importante investir neste profissional? Qual o papel dele nesta relação empresa patrocinadora e patrocinado?

Claudio Jorge: Apesar de eu ser um mau exemplo, porque atuei muito tempo sem ser formado, acho fundamental que qualquer instituição que tem imagem pública tenha um setor dedicado a gerenciar essa imagem. E, nesse sentido, é bastante recomendável que haja profissionais de comunicação exercendo essa atividade. Agora, se a instituição vive de patrocínio, essa necessidade se torna questão de vida ou morte, porque o objetivo central de um patrocinador é ter retorno de imagem, de mídia. E aí um profissional gabaritado vai fazer duas coisas: a primeira é um plano de mídia adequado a obter o máximo de exposição positiva; a segunda é produzir um relatório comprovando a eficácia desse plano de mídia para apresentar ao patrocinador. Frequentemente a renovação de um patrocínio depende desses dois fatores.

Arquivo pessoal


Gecom: Neste período em que você esteve à frente da área de patrocínios, quais os pontos positivos e onde a comunicação dos projetos patrocinados estão falhando?

Claudio Jorge: Um patrocinado ganha muitos pontos positivos quando consegue compreender que patrocínio não é necessariamente filantropia, isto é, o patrocinador não está colocando dinheiro a fundo perdido. Ele quer um retorno e esse retorno é o reconhecimento público de que o projeto é importante, ao mesmo tempo em que fica patente a associação da marca do patrocinador ao projeto. As falhas estão exatamente nos dois itens que citei na resposta anterior: plano de mídia e relatório de mídia. Isso porque muitas vezes o orçamento é curto e aí o patrocinado foca na produção, o que está correto. O problema é que o resultado será aferido por meio da exposição de mídia. E para ter retorno nisso, precisa gastar e gastar com foco, com inteligência.

Gecom: Compartilhe com a gente algumas recomendações de comunicação para as ONGs.

Claudio Jorge: É preciso manter uma comunicação permanente, porque hoje o que vale são as redes sociais. Então, é preciso manter canais e gerar conteúdos frequentemente e buscar captar e fidelizar seguidores.


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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Comunicação para ONGs: O que você precisa saber para ter um bom relacionamento com a imprensa

Crédito: Maíra Coelho


A nossa entrevistada do mês tem um vasto currículo e uma trajetória de respeito. Militante do jornalismo e direitos humanos, Rosayne Macedo, 52 anos, aceitou o convite para falar sobre relacionamento entre a imprensa e os comunicadores do Terceiro Setor.

Jornalista especializada em saúde, criadora e editora-chefe do Portal ViDA & Ação, onde assina a seção Boas Ações às sextas-feiras, é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic/RJ), pós-graduada em Comunicação Empresarial (AVM/Ucam) e MBA em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial (MBKM/Crie/Coppe/UFRJ). Possui  especializações em Jornalismo de Políticas Públicas Sociais (UFRJ), Coaching e Marketing Digital, dentre outras.

Foi editora de Saúde e Meio Ambiente do Jornal O Dia, onde também assinava a coluna Conta Social, sobre sustentabilidade e responsabilidade social, além de editora das revistas Mundo Verde e Esporte & Vida e repórter da Revista Pense Leve e consultora pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) para o Governo do Tocantins. Com passagens pela Folha de S. Paulo, TV Record (RJ), Meio & Mensagem, Revista Macaé Offshore e outras publicações, atuou em assessoria, consultoria e serviços para marcas, governos, empresas e instituições de grande alcance social, político e econômico, como Sebrae, Governo do Estado do Rio, Instituto Beleza Natural, Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) e Pré-Sal S.A.

Confira a entrevista.

Gecom: Conte um pouco sobre sua trajetória de jornalista até chegar na cobertura de pautas de ONGs e outras iniciativas sociais.

Rosayne Macedo: Em mais de 30 anos de carreira no Jornalismo, divididos entre “os dois lados do balcão”, tive a felicidade e a oportunidade de trabalhar ao lado de grandes profissionais, com os quais aprendi e aprendo muito, em várias redações e assessorias de comunicação. Iniciei minha carreira como estagiária de Radiojornalismo em uma emissora no interior do Estado do Rio de Janeiro (Difusora AM, em Campos dos Goytacazes), onde dava até 'receita de bolo', entre outras tarefas atribuídas aos 'focas'. Após importantes colaborações para veículos no interior, mudei para o Rio de Janeiro, a convite do jornal O Dia (RJ), onde atuei em dois ciclos, completando mais de 13 anos. Dentre as diferentes colaborações em segmentos que passaram do jornalismo investigativo a negócios, varejo e indústria de petróleo, foi nas áreas de Saúde, Bem-Estar e Sustentabilidade com que mais me identifiquei. Nessa mesma linha, tive a oportunidade, ao longo da carreira, de colaborar como repórter da revista Pense Leve e editora das revistas Mundo Verde e Esporte & Vida.

A ‘virada de chave’ na carreira ocorreu em meu segundo ciclo no Dia, entre 2015 e 2017, quando era editora-assistente de Rio (só tiro, porrada e bomba!) e passei a acumular a função de responsável pelas páginas de Saúde e Vida & Meio Ambiente, além de ter a honra de assinar, aos domingos, a prestigiada coluna Conta Social, com foco em Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Terceiro Setor. Foi neste período que criei o então blog ViDA & Ação, para ampliar o espaço a temáticas de grande alcance e interesse público que, infelizmente, já não cabiam nas – cada vez mais minguadas – páginas impressas. Com a saída do referido jornal e sob o incentivo de inúmeros colegas das assessorias, decidi transformar o então blog em uma página própria e dar continuidade àquele trabalho de forma mais independente e com maior isenção. Nascia, em setembro de 2017, o Portal ViDA & Ação. Foi a partir dessa experiência que pude atuar como consultora de Comunicação pela Opas/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde) para  a Secretaria Estadual de Saúde no Tocantins, uma experiência curta, mas muito rica. Outra oportunidade relevante para a minha carreira na área de Terceiro Setor veio entre agosto de 2019, quando fui convidada para chefiar a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do RJ, onde implementei o novo site da pasta, entre muitas outras atividades, em diversas frentes.

Em março de 2021, voltei a colaborar nas áreas de Desenvolvimento Econômico e Social e Sustentabilidade para o site Diário do Porto, onde havia atuado entre 2018 e 2019. A partir de agosto de 2021, passei a colaborar para a nova revista Rio Já, nas áreas Social, Entretenimento, Turismo e Cidades. Em setembro de 2021, recebi o convite para integrar a equipe de Comunicação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o que muito tem enriquecido minha carreira profissional, especialmente no que diz respeito à divulgação de leis e projetos sobre temáticas sociais. Atualmente, tento equilibrar essas duas últimas atividades com a função (ou seria missão?) de comandar o portal ViDA & Ação, minha 'menina dos olhos' e meu projeto de propósito, onde tenho a oportunidade de falar sobre saúde, bem-estar e temas do bem, como sustentabilidade, responsabilidade social e terceiro setor. Afinal, não dá para ser saudável sem cuidar da saúde do planeta e contribuir para a saúde da nossa sociedade, que, infelizmente, vive muito doente de falta de empatia, solidariedade e respeito.

Crédito: Ricardo Albuquerque


Gecom: Quais eram as pautas mais comuns que você costumava receber pelas ONGs e como era feito esse trabalho de seleção da notícia?

Rosayne Macedo: Recebia pelo Jornal O Dia e recebo até hoje pelo ViDA & Ação muitas pautas relacionadas a ações de responsabilidade social de empresas e também de instituições e organizações sociais sem fins lucrativos. O trabalho de seleção é feito sempre a partir do interesse público pela notícia, especialmente quando diz respeito a um serviço público: campanhas de doação de alimentos, de sangue, de órgãos; campanhas e ações de apoio a pessoas doentes ou vulneráveis;  incentivo a atitudes sustentáveis e consumo consciente, dentre outras. Sempre que possível abro espaço para pautas que tratam de uma 'boa ação', que podem inspirar e incentivar pessoas a realizar atividades em benefício de causas sociais importantes com as quais me identifico para, efetivamente, contribuir para uma mudança de atitude.

Gecom: Nem todas as ONGs têm uma estrutura de comunicação ou um profissional dedicado à assessoria de imprensa. De que forma isso impacta no momento de sugerir uma matéria para os veículos de comunicação?

Rosayne Macedo: A maior dificuldade - e não diz respeito às ONGs, mas das assessorias de imprensa de maneira geral - é a oferta de boas imagens (fotos, vídeos) e relatos por escrito ou áudios de ‘personagens’, preferencialmente pessoas beneficiadas pelas ações, no caso das pautas de interesse social. Infelizmente, por se tratar de um veículo ainda pequeno e sem estrutura, não temos como apurar melhor todos os temas que são do foco e linha editorial do ViDA & Ação, pela ‘falta de braços’ e não de vontade ou interesse profissional. Por conta disso, é fundamental que o material recebido das assessorias venha ‘o mais redondo possível’, ou que o assessor/a se coloque à disposição para nos ajudar com os materiais solicitados. Vale lembrar que a técnica de storytelling (contação de histórias) tem sido cada vez mais empregada no Jornalismo, por criar ganchos interessantes para a visibilidade de uma matéria no site ou post nas redes sociais. A oferta de bons personagens e fotos, áudios ou vídeos - preferencialmente exclusivos - irá impactar sobremaneira no destaque a ser dado a determinada pauta ou matéria tanto na plataforma ViDA & Ação, quanto nas redes sociais a ela atreladas (Facebook, Instagram, Youtube e Linkedin).

Arquivo pessoal


Gecom: A partir da sua experiência, o que você recomendaria aos comunicadores e jornalistas que trabalham no campo do Terceiro Setor ao trabalhar esse relacionamento com a imprensa?

Rosayne Macedo: Além da oferta de materiais mais completos, conforme mencionado anteriormente, é extremamente importante que seja feito um bom ‘follow-up”. O contato com o jornalista responsável - hoje muitas vezes realizado pelo Whatsapp, respeitando-se limites de horários e evitando a ‘invasão de privacidade’ desnecessária - para reforçar a pauta, oferecer outros detalhes ou colocar-se à disposição é fundamental. Muitas vezes numa redação, mesmo de veículos pequenos, o volume de material recebido por e-mail é absurdamente alto (às vezes, 200 e-mails por dia), o que inviabiliza muitas vezes a filtragem dos temas de interesse e um olhar mais diferenciado para a pauta, especialmente quando o jornalista atua sozinho ou com equipe muito enxuta. É importante também salientar que, após a publicação, é importante manter o bom relacionamento com o jornalista, até mesmo para alimentar futuros espaços para o mesmo ou outros clientes. Neste sentido, a replicação do conteúdo publicado nas redes sociais da ONG ou empresa é de fundamental importância para criar o caráter viral da divulgação, marcando/citando as redes sociais do veículo, o que contribui também para maior visibilidade do tema e engajamento do público. Também é uma maneira simpática de agradecer pela publicação e mostrar a relevância daquele espaço para a marca/ONG/projeto, para além do simples fato de ajudar a ‘engrossar’ o clipping do cliente.


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terça-feira, 26 de outubro de 2021

Desafios e oportunidades da comunicação na captação de recursos



“Captação de recursos significa ter uma equipe dedicada a pensar em ideias criativas para trazer as doações, a aproximar a organização da comunidade, a defender que ela seja o mais transparente possível e etc. Captar recursos é, principalmente, ter pessoas na organização que entendem que o trabalho delas é fundamental para conseguir os recursos tão importantes para que a ONG tenha impacto e seja transformadora na sua atuação, cumprindo integralmente a sua missão.” A seguinte definição é da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), que destaca a importância ter uma equipe empenhada e pessoas que entendam o papel que desempenham dentro e para a ONG.

Falar de captação de recursos sem falar de comunicação é (quase) praticamente impossível. Para compreender essa dinâmica entre as duas áreas, o Gecom entrevistou a analista de projetos e mobilizadora de recursos da organização civil e filantrópica-escola de educação integral Solar Meninos de Luz, Mayra Andrade, e a analista de comunicação Raquel Maia, também da mesma instituição, que atende as comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Copacabana.

“O processo de mobilização de recursos eu considero que é um processo diário, que vai envolver toda a instituição, não necessariamente só a figura do mobilizador de recursos”, afirma Mayra Andrade.

“A Comunicação acaba funcionando como um portal, uma vitrine de relacionamento. Ela acaba sendo a ponte entre essas pessoas, essas oportunidades e a instituição”, complementa Raquel Maia.

Mayra Andrade é formada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pós-graduada em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  Dá aula de Incentivos Fiscais como ferramenta de mobilização de recursos, como professora convidada nessa mesma pós. Atua com Leis de Incentivo desde 2012 e no Solar desde 2015. Em 2018, participou do International Visitor Leadership Program, o principal Programa de intercâmbio profissional do Departamento de Estado dos EUA, com o tema "Construindo a Sociedade Civil: Estratégias para o Fortalecimento e Sustentabilidade das ONGs".

Raquel Maia é designer gráfica, web designer, fotógrafa, trabalha como analista de comunicação no Solar Meninos de Luz, desde 2018. Há 17 anos no mercado, encontrou no terceiro setor um propósito de vida e o desafio de trabalhar uma comunicação voltada não só para a mobilização de recursos, mas, também, de engajamento pessoal, a fim de promover a responsabilidade social, por meio de campanhas e ações estratégicas de marketing.

Gecom: Conte um pouco sobre essa relação entre as áreas da Comunicação e da Captação de Recursos.

Mayra Andrade: A gente tem um cenário em que as grandes empresas normalmente solicitam que seus grandes projetos estejam contemplados em algumas ações que há um incentivo fiscal por parte do governo seja na esfera municipal, estadual ou federal. Então, isso é um atrativo. Eu especificamente utilizo esses mecanismos como uma ferramenta de mobilização de recursos, mas certamente esse trabalho é conjunto. Ele é uma perna desse projeto. Ele tem um time que vai executar essa ação. No Sola, tem o pessoal da Comunicação que faz uma prestação de contas no sentido de divulgação de imagem. Mas a minha função é bem prática. Então, não necessariamente o projeto que eu escrevo, sou eu mesma que vendo. Tem outras pessoas na equipe que faz isso. A gente faz a prestação de contas aqui internamente, e por ser um trabalho muito sério, bem trabalhoso, eu acabo focando mais em cumprir essas exigências do que ir vender sempre nas empresas. A gente já tem um portfólio de apoiadores que foi construído ao longo dos 30 anos da instituição que ajuda bastante nessa venda. É um trabalho de formiguinha. São relações que são construídas ao longo do tempo. A não ser que seja um edital bem específico, em que a empresa diz exatamente o projeto que quer e se a gente tem um projeto que se assemelha, a gente se inscreve. O processo de mobilização de recursos eu considero que é um processo diário, que vai envolver toda a instituição, não necessariamente só a figura do mobilizador de recursos.

Raquel Maia: A Comunicação no Solar funciona como um braço aliado da Captação. A função da Comunicação é uma sustentação das necessidades da Captação. Então, além de trabalhar a parte institucional, que a gente chama de reconhecimento da marca, da identidade da instituição, a gente junto com a Captação, que percebe as necessidades do momento e leva para a Comunicação, juntas decidimos o melhor caminho pra que a campanha, um evento ou um projeto se encaminhe da melhor forma. A Captação percebe a necessidade e leva essa demanda para a Comunicação, que começa a perceber os caminhos pra que a gente possa através das ferramentas de comunicação existentes  encontrar os caminhos para o melhor trabalho. Dentro desse caminho a gente vê  que as redes sociais têm um papel muito importante. Não só para desenvolvimento de campanhas, mas também até para prestação de contas. A Comunicação faz esse papel da parte visual, pois é importante o projeto ter esse reconhecimento, a identidade visual dele. É importante que os valores, a missão eles estejam alinhados e presentes em toda a Comunicação seja ela escrita ou visual.

A Comunicação acaba funcionando como um portal, uma vitrine de relacionamento, onde a gente expõe as necessidades sejam elas financeiras, materiais ou serviços. Ela funciona nessa parte de relacionamento até a outra ponta, que é onde você tem uma demanda, investidores, voluntários ou pessoas decididas a investir ou trazer um projeto para o Solar. A Comunicação acaba sendo a ponte entre essas pessoas, essas oportunidades e a instituição  e vice-versa. A instituição também coloca ali à disposição as necessidades que ela tem no momento.

Mayra Andrade, analista de projetos e mobilizadora de recursos.


Gecom: Quais os desafios e as oportunidades que vocês encontraram na captação de recursos no período da pandemia?

Mayra Andrade: A pandemia foi muito positiva no sentido fazer com que a gente precisasse se reinventar. Eu digo positiva nos resultados que a gente colheu ao longo desse tempo. Talvez não seja o cenário de toda a instituição do terceiro setor. Mas o que a gente fez aqui internamente? Todo o time do administrativo, todo o time da comunicação se voltaram para a mobilização de recursos. Então, a gente criou diversas campanhas. Obviamente, no primeiro momento, pensamos numa situação emergencial, a gente estava lhe dando com pessoas que não tinham mais o que comer, não tinha o que vestir. Então, focamos nossos esforços no atendimento das famílias, no atendimento da comunidade. A Comunicação, nesse sentido, foi muito positiva. Basicamente, a nossa estratégia toda foi rede social. Produção de conteúdo para Instagram, principalmente, bastante produção de vídeo, Youtube. A gente recorreu às lives, porque era um momento que a gente precisava mostrar ainda mais a nossa importância. Precisávamos reforçar todo o trabalho que a gente já executava aqui e o porquê ele não poderia parar. Foi um momento muito trabalhoso, mas que rendeu excelentes frutos. Não ficamos um dia sem atividade. Nenhum funcionário foi demitido. A gente manteve todos os programas. Foi uma soma mesmo de forças. Isso está com certeza atrelada a uma equipe dedicada, multidisciplinar. Eu, no primeiro momento, fiquei buscando apoiadores, empresas que estavam interessadas em mitigar os efeitos da pandemia. Não importava se a gente fosse desenvolver o projeto da música. O esforço foi de mitigar esses efeitos nas famílias que a gente já atendia. Foi um trabalho conjunto que trouxe excelentes frutos, também de visibilidade. Como a gente fez esse esforço maior de Comunicação nas redes sociais, também acabou chegando novos apoiadores. A gente percebeu que foi um momento histórico de engajamento por parte dos incentivadores, das empresas. A gente viu muitas se mobilizando, doando recursos. As organizações que estavam bem estruturadas, que conseguiram escrever seus projetos, acabaram recebendo esses recursos e sendo intermediários. A gente recebia esse recurso, prestava contas pra esse investidor, mas também ficávamos responsáveis por esse atendimento na ponta.

Raquel Maia: A Comunicação do Solar, historicamente, trabalha sua prestação de contas através do registro de suas atividades que acontecem diariamente na instituição. Quando a gente entra numa pandemia com todas as atividades suspensas, a Comunicação passa a depender exclusivamente do material produzido pela equipe pedagógica. E aí houve uma aproximação maior entre essas duas equipes que foi um ganho excepcional nessa questão de conteúdo, porque algumas atividades que a gente não tinha acesso no dia-a-dia, elas ficaram ali visíveis e transparentes pra gente. Então, passamos a pensar em usar todas essas ferramentas que eles trabalhavam, Whatasapp, Google Class, todo esse conteúdo produzido, registrado, ficava à disposição. Um material riquíssimo para a gente trabalhar. Uma das ferramentas muito importantes na Comunicação aqui foram as redes sociais, especialmente os stories. Permite que a gente trabalhe com storytelling, que é uma coisa que cativa, que faz com que as pessoas acabem participando da história da instituição. Elas puderam acompanhar o que estava acontecendo. Além do material produzido pela equipe pedagógica, a gente teve uma surpresa agradável que foi uma colaboração dos próprios pais, um entendimento e a importância desse trabalho de Comunicação, de mostrar o trabalho sendo feito para os nossos investidores. Isso foi muito legal, nós percebemos uma conscientização de famílias e da própria equipe de funcionários. Trabalhar todo mundo junto foi muito importante.


Raquel Maia, analista de comunicação.


Gecom: A partir dessas experiências e observações, é possível dizer que já existe uma nova forma de captar recursos ou ainda está se criando uma nova tendência?

Mayra Andrade: Percebo que o mercado tem buscado cada vez mais projetos que tenham uma relevância social. Não estão mais interessados só na divulgação da sua marca. Pelo contrário, aqui no meu setor eu percebo um movimento cada vez maior de empresas que não querem veiculação de marca. Elas fazem patrocínio sem nenhum tipo de contrapartida de imagem. As contrapartidas estão muito mais ligadas à questão de experiência do que a marca em si. A gente vê que o financiamento coletivo ganhou muita força e tem grandes ferramentas de captação de recursos pra isso. Se você não consegue chegar até um empresário, se você não consegue captar na iniciativa privada, mobilize sua rede de amigos. A captação  com pessoa física é um movimento que percebo que cresce cada vez mais. Você pode conseguir recursos através das redes sociais. Fique atento às novas tecnologias. Certamente, a Comunicação tem um papel fundamental, porque os projetos precisam ser vistos. Ao vender um projeto, automaticamente há uma pesquisa nas suas redes, verificam se existe algum histórico. Então, tem que ter uma comunicação, muita transparência. Ela é uma das principais ferramentas de fidelização. Outra prática bem usual é ter uma aba de transparência no site. No Solar, além de uma documentação institucional, divulgamos os relatórios de atividades e balanços fiscais. Além de trazer transparência e credibilidade para o público, acaba passando uma segurança também para o investidor.

Raquel Maia: As redes sociais são fortes aliadas da Comunicação voltada para a captação e prestação de contas. É muito importante a presença dessas instituições nessas redes, do domínio da linguagem, trabalhar bastante os seus stories, promovendo algumas interações, usar essas ferramentas que estão aí de graça, que estão disponíveis a todos. Fazer uso dos stories, contando sempre uma história, buscando trabalhar storytelling, tentando entender um pouquinho mais sobre essa técnica. Tentar fazer uso dessas ferramentas de engajamento, como as enquetes, perguntas. É importante o envolvimento das pessoas nas redes sociais. Além disso, fazer uso das lives institucionais com temas que sejam pertinentes ao terceiro setor. Nós fomos muito felizes em algumas que realizamos durante a pandemia. Foi uma ótima maneira de a gente se manter conectado com os voluntários, com os padrinhos e de mostrar o trabalho que é realizado aqui no Solar.

Mayra durante o International Visitor Leadership Program, nos Estados Unidos.


Gecom: Quais dicas você compartilha com os comunicadores para captar recursos neste novo cenário? Como eles devem se preparar?

Mayra Andrade: Antes de você vender um projeto, primeiro você tem que entender qual é a sua proposta, qual é a área de atuação, qual o público que você deseja atingir. E a partir disso, buscar investidores que se conectem com isso de alguma forma. Porque não adianta você chegar numa empresa que só investe em música e querer vender um projeto de futebol. Não vai ter sinergia com a imagem que a empresa quer passar, com a área de marketing. Eu sempre recomendo que antes façam uma pesquisa com empresas do entorno, porque cada vez mais as empresas buscam projetos que atendam sua área de impacto, a sua área de atuação, porque você envolve toda a comunidade. Então, faz muito sentido para o investidor apoiar um projeto de um território que esteja do lado dele, porque isso gera uma aproximação. Façam uma pesquisa antes, entrem nas redes sociais, entrem nos sites, porque normalmente as empresas compartilham seus projetos de responsabilidade social ou marketing e dali se consegue bastante informação. Outro ponto que podemos destacar para o “sucesso” na captação de recursos seria a diversificação das fontes. Aqui no Solar temos, por exemplo: eventos, bazares, captação com pessoa física, captação com pessoas jurídicas (verba direta, editais, e leis de incentivo), convênios (Governo e outras instituições privadas) e financiamento coletivo. Desta forma, ampliamos nossas chances de captação. Indico os sites ABCR e Prosas. A pós-graduação em Responsabilidade Social e Terceiro Setor, da UFRJ, é bem legal e, agora, ela é 100% online.

Raquel Maia: Uma outra dica que eu acho uma das mais valiosas é se aproximar dos seus parceiros, doadores recorrentes, daqueles que estão sempre ali do seu lado. Engajar eles. Às vezes eles trazem ideias, soluções. Tentar trabalhar em parceria, em ação conjunta. Aqui, o Solar trabalha muito bem isso. A gente tem vários padrinhos engajados, que não medem esforços. Eles mesmos criam campanhas. Relacionamento é muito importante. Quando a gente tem esse relacionamento, quando a gente dá um pouco dessa autonomia aos padrinhos, acaba vindo coisas maravilhosas. Em eventos, a gente conta muito com o apoio deles. Então, é muito importante trazer eles pra perto. Diversificar os seus caminhos e se aproximar de seus parceiros. Muito desse relacionamento acontece na interação que você tem nas redes sociais. Participar e se envolver mais nas campanhas comunitárias como o Dia de Doar, acaba sendo beneficiado com essa visibilidade. É um ajudando o outro. Participar de eventos como o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (Fife). Porque Comunicação é essa troca. O tempo todo estamos trocando informações. É um acertando. É um errando. É tentativa e erro. Não ter medo de errar. Procurar investir quando tiver um dinheiro sobrando em anúncios patrocinados, porque sempre traz um retorno. Essa é a dica que eu dou para vocês.


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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Assessoria de imprensa para ONGs: entenda a sua importância

Arquivo pessoal


André Uchôa, 22 anos, é jornalista com experiência em assessoria de imprensa para organizações públicas e privadas. Foi assessor de imprensa em uma ONG voltada para a sustentabilidade urbana por meio da bicicleta, com matérias publicadas e capas de jornais em grandes veículos de comunicação. Atualmente, está como assessor de imprensa na Prefeitura de Japeri, com passagem pela Prefeitura de Queimados. Há três anos, exerce a mesma função na editora Litere-se. Foi colaborador do portal de notícias Eu, Rio, além de ter sido produtor e apresentador da rádio Novos Rumos. André é, também, professor e autor do livro “Intrínseco” e coautor do livro “Eu escrevo a Baixada”, ambos da editora Litere-se.

Confira a entrevista com este profissional de comunicação para o terceiro setor, desta vez em assessoria de imprensa para ONGs.

Gecom: Conte um pouco como foi o seu caminho que o levou a trabalhar com assessoria de imprensa em ONGs.

André Uchôa: Eu tenho uma paixão muito grande pelo jornalismo, pelo trabalho jornalístico e pelo o que ele representa para a sociedade. O fortalecimento da democracia e a construção da realidade, esses são alguns dos valores e princípios que o jornalismo tem, especificamente o brasileiro. Eu sempre tive envolvimento com iniciativas sociais, com trabalhos voluntários. Eu sempre tive uma ligação muito forte com isso. Eu conheci, em Queimados, onde eu morava, uma ONG sobre bicicleta. Eles têm uma ideia voltada para a mobilidade urbana sustentável. Então, foi a partir disso que eu comecei a me envolver com trabalho de ONG. Eu sempre tive um carinho, um apreço muito grande por trabalhos sociais, por essas iniciativas. E foi a partir daí, em Queimados, onde tem esse nicho, que eu iniciei esse trabalho em assessoria de imprensa em ONGs de forma voluntária.

Gecom: Qual é o papel fundamental da assessoria de imprensa em uma ONG?

André Uchôa: Quando a gente fala em assessoria de imprensa, muitas pessoas se enganam que ela só é necessária em grandes empresas, em organizações renomadas. Mas a assessoria de imprensa de uma forma geral é importante, porque ajuda a desenvolver um trabalho relevante e gera engajamento para a sociedade. Então, as ONGs por terem uma função social muito importante, expressiva para a sociedade, que beneficiam milhares de pessoas, o trabalho de assessoria de imprensa no terceiro setor, especificamente, vai desenvolver um papel de mediação e divulgação. São pontos fundamentais esse papel de mediar e de divulgar. E, além disso, é importante que essa assessoria de imprensa no terceiro setor tenha estratégias de comunicação que busquem, que possa estimular o crescimento daquela ONG e atrair mais investimentos através de suas iniciativas independentes, que necessitam de reconhecimento para atrair mais capital. Porque as ONGs até para concorrer alguns editais, elas precisam estar, em alguns aspectos, muitas vezes dentro da mídia. Ela já ter sido de alguma forma falada, vista, isto gera reconhecimento. Então, quando a gente fala de assessoria de imprensa para o terceiro setor, a gente fala sobre essa questão do reconhecimento. Ela tem um papel fundamental que é mediar e ajudar a atrair mais investimentos, mais reconhecimento para determinada organização.

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Gecom: Quais os cuidados que se deve ter ao fazer uma assessoria para ONG? A partir da sua experiência, qualquer pessoa pode fazer esse trabalho ou é preciso ter alguma formação?

André Uchôa: Quando eu falo de divulgação e mediação de atrair mais investimento e reconhecimentos para aquela determinada organização não governamental é porque a gente também tem essa ideia que ninguém vai doar dinheiro para quem não conhece. Você não vai injetar a sua doação ou uma empresa não vai ajudar algum trabalho social se não conhece aquele trabalho. Por isso que é preciso pensar de forma estratégica. Então, a dica que eu dou para quem faz assessoria de imprensa pra ONG é ter esse zelo, esse cuidado com as estratégias. Porque quando a gente fala em assessoria de imprensa, a gente precisa pensar que é possível a gente chamar aquela atenção para o doador ou despertar aquele interesse pra que alguém, que alguma organização ou empresa possa ajudar aquela determinada organização. Então, é necessário ter essa estratégia, conseguir atenção da mídia. Porque a assessoria de imprensa vai falar com esse grande público. Pra que eles entrem em contato, pra que haja um movimento. O cuidado que a gente deve ter é com as estratégias, a forma que a gente posiciona a assessoria de imprensa. E aí eu dou algumas dicas. Quando a gente vai preparar o material das ONGs, a gente precisa, primeiro, enquadrar essa notícia, ou seja, o que essa ONG vai proporcionar para a sociedade. É como você vai chamar atenção para o que aquela organização produz. Então, o assessor de imprensa de ONGs precisa ter olhar aguçado voltado para entender aquele ambiente, aquele propósito da ONG, mostrando seu real valor de trabalho. A outra dica que dou é sempre que possível compartilhar as ações, as ideias, tudo o que a ONG realiza. As redes sociais estão aí pra isso, pra ajudar o assessor de imprensa e ONGs a fazer esse trabalho. É preciso trabalhar junto com as redes sociais. E, por último, não menos importante, a gente fazer um planejamento, divulgar os eventos. A gente ter uma comunicação mais assertiva para isso, qual o cunho daquele evento, qual seu objetivo, sempre enquadrando a ONG dentro dessas questões. É necessário ter uma formação pra atuar com assessoria de imprensa em ONG. Geralmente é um trabalho voluntário. É importante que alguém tenha alguma formação, tenha feito jornalismo ou, então, algum curso para a área de comunicação. Tenha pelo menos uma especialização ou um curso em assessoria de imprensa para, também, entender um pouco do mercado, ter uma prática, saber como trabalhar a imagem e o posicionamento de marca.

Arquivo pessoal


Gecom: Como você avalia a relação desses assessores com a imprensa na cobertura de matérias pautadas nas causas sociais?

André Uchôa: A assessoria de imprensa, principalmente no terceiro setor, ela precisa sempre que possível enquadrar as suas causas, os seus objetivos, os seus projetos, sua iniciativa de forma geral em uma notícia. Eu vejo como muito benéfico, muito bom que os assessores e a imprensa dialoguem sobre matérias de cunho social. Por exemplo, quando a gente evidencia alguma desigualdade e quando a gente fala nessa questão de desigualdade, nós estamos falando sobre pessoas que não são iguais, de semelhanças, de diferença, de uma ausência de equilíbrio. Então, quando a gente evidencia desigualdade, principalmente de classe ou, então, de oportunidade de formação educacional ou profissional, as ONGs geralmente têm um trabalho muito voltado pra isso, pra educação ou pra uma formação profissional. Isso é muito importante, porque são causas sociais. Quando a gente tem, por exemplo, mulheres vítimas de violência e que ONGs ajudam as mulheres se reinserirem no mercado de trabalho, porque uma das grandes causas das mulheres serem dependentes de seus maridos é por conta da questão financeira. Eu vejo com bons olhos, de forma muito positiva, essa relação dos assessores de imprensa juntamente com os veículos de comunicação nessa cobertura de pautas nas causas sociais. Geralmente, elas estão ali representando uma parte da sociedade que infelizmente é esquecida pelo poder público ou por alguma iniciativa que o poder público deveria realizar. Esse, também, é um dos motivos para que as ONGs existam.

Gecom: Compartilhe com a gente algumas orientações e recomendações de assessoria de imprensa para as ONGs.

André Uchôa: Uma palavra-chave que eu quero dar para a assessoria de imprensa para o terceiro setor é potencializar. A gente precisa, enquanto assessor de imprensa de ONG, ajudar essa organização a ter mais visibilidade dentro da sociedade civil e também como a representante dessa sociedade. Então, algumas dicas que eu dou é ter uma importância de conteúdo. Saber de alguma forma trabalhar os conteúdos daquela instituição, saber promover qual é o atendimento que é feito dentro daquela organização, qual a metodologia que ela utiliza, qual é o seu objetivo principal. Apostar muito em eventos. Oferecer, promover eventos de uma forma geral. Nesse período de pandemia ficou um pouco complicado. A gente tem datas comemorativas como o Natal, o Dia das Crianças, algumas datas que podem ajudar nessa questão de promover aquela organização através de eventos, porque nessas datas comemorativas, principalmente fim de ano, a gente costuma muito despertar a solidariedade. E outro é sempre mostrar a sua relevância social. A ONG tem uma função social muito importante naquela sociedade. Ela contribui para o crescimento daquela população e desenvolvimento. Ela geralmente é apontada por dados, por alguma referência, ela conhece bem aquela realidade. A ONG precisa ter essa relevância social. A assessoria de imprensa precisa mostrar sempre a relevância social, porque isso traz credibilidade para a instituição e, também, faz com que ela ganhe destaque na imprensa, nos veículos de mídia, inclusive nos grandes veículos de TV, de rádio, de jornal impresso. Isso é muito importante. Infelizmente, a gente sabe que muitas ONGs não conseguem disponibilizar desse trabalho de assessoria de imprensa, ou porque não conhece muito bem a área ou porque de alguma forma ignora esse conhecimento. Mas a assessoria de imprensa profissional tem uma notoriedade muito importante por conta da comunicação. Porque ela vai melhorar a imagem dessa organização, tornar essa organização conhecida e também estimular pessoas, empresas e organizações que financiem, que doem, que comecem a apoiar essa causa. Então, essa é a dica que eu deixo.


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terça-feira, 31 de agosto de 2021

Saúde mental dos comunicadores: a importância do cuidado

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Esgotamento mental, ansiedade, depressão e perda de sono são as condições de adoecimento que mais aparecem nas respostas pelos profissionais da comunicação no relatório sobre “Como trabalham os comunicadores no contexto de um ano da pandemia de Covid-19?”, realizado pelo Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) da Escola de Comunicação e Artes - Universidade de São Paulo (ECA-USP/CNPq), no período de 5 a 30 de abril deste ano.

A pergunta Você adoeceu na pandemia? obteve 68% de respostas afirmativas, sim adoeceram; e 32% negativas, não adoeceram. O gráfico abaixo apresenta os sintomas citados pelos respondentes e quantas pessoas os citaram.



“Aproximadamente 20% dos respondentes afirmaram ter contraído a Covid-19, enquanto muitos outros relataram ter sentido sintomas condizentes com os da doença”, aponta o estudo.

Convidamos para falar sobre a saúde mental dos comunicadores o psicólogo e terapeuta clínico, Rodrigo Barreto, que atende profissionais da área de comunicação, no Espaço de Desenvolvimento Ser e Crescer (dois escritórios nos bairros Figueira e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense), onde coordena uma equipe de profissionais qualificados na área da educação, saúde mental e emocional. Formado pelo Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR), com mais de 10 anos de experiência e diversos projetos sociais no currículo, Rodrigo é palestrante há mais de 20 anos e desenvolve atividades com empresas e igrejas através de treinamentos, cursos e palestras motivacionais.

Gecom: Há quanto tempo você atua como psicólogo, atendendo profissionais na área de comunicação?

Rodrigo Barreto: Eu atuo há mais de 10 anos como psicólogo clínico, atendendo de forma profissional não só na área clínica, mas também em hospital e como profissional da área da psicologia organizacional. Atualmente, eu tenho alguns profissionais que atendo dentro do meu consultório na área de comunicação, jornalistas, profissionais que atuam no marketing, designer gráfico... Esses profissionais nos procuraram a partir de algumas mudanças comportamentais significativas que estavam prejudicando no desenvolvimento das atividades laborativas no dia-a-dia. E, então, esses profissionais tiveram a necessidade de buscar um psicólogo para ajudar nesse momento.

Gecom: Houve alguma diferença no número de atendimentos desses profissionais desde a pandemia?

Rodrigo Barreto: De uma forma geral, eu acredito que não só o meu espaço, o meu consultório, mas os consultórios de outros profissionais da área do psiquê, bem como os consultórios dos neurologistas, dos psiquiatras, dos profissionais em geral que atuam com o trabalho do desenvolvimento humano, do cuidado humano, certamente teve um aumento significativo nesse período da pandemia. Porque de fato essas pessoas ficaram muito sobrecarregadas, emocionalmente falando.

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Gecom: Há resistência desses profissionais em procurar um psicólogo?

Rodrigo Barreto: Eu não percebi nenhum tipo de resistência desses profissionais na procura de um atendimento psicológico, apesar de a gente saber que historicamente a população tem uma resistência muito grande na busca de um profissional, de um psicólogo ou até mesmo de um médico para lhe dar com as questões que envolve com o psiquê, que envolve o equilíbrio emocional. As pessoas ainda têm uma ideia de que quem vai ao psicólogo ou é maluco ou está ficando maluco. É uma ideia muito errada e na verdade quando a gente tem alguma dificuldade, a gente precisa procurar um profissional para que essas dificuldades não se torne um problema maior lá na frente.

Gecom: Quais sintomas os comunicadores têm apresentado nas consultas em seu escritório?

Rodrigo Barreto: Os sintomas mais comuns em que esses profissionais da área de comunicação têm apresentado estão relacionados com a ansiedade e depressão. Então, os sintomas podem estar relacionados ao medo, a insegurança, a problemas ou dificuldades com o sono, dificuldades na concentração, irritabilidade, angústia e até mesmo pensamentos negativistas.

Gecom: Quais causas você atribui a esses sintomas?

Rodrigo Barreto: As causas são diversas. Eu não posso definir uma causa específica para manifestação desse tipo de comportamento ou dificuldade que esses profissionais têm enfrentado e ocasionado a ansiedade e a depressão, que são as patologias mais presentes na vida desses profissionais que me procuraram. Mas, certamente, a pressão no trabalho é um fator. A demanda no trabalho de home-office pra esses profissionais aumentou de forma absurda. Algumas pessoas acham que o trabalho de home-office é um trabalho fácil. Pelo contrário, é um trabalho muito mais desgastante por envolver a questão de estar em casa, envolver família, ter que administra a família, ter que administrar os filhos e isso se tornou uma dificuldade a ser administrada. Então, a pressão com o trabalho a gente percebe que aumentou. A própria questão da pandemia faz com que ou fez com que alguns desses profissionais fossem acometidos pela Covid-19. Alguns profissionais que nos procuraram tiveram perdas significativas, sejam elas por pessoas que vieram a falecer e perdas, também, que diz respeito à vida salarial. Alguns profissionais, também, perderam seus empregos, perderam suas atividades laborativas e, com certeza, essas são algumas causas que a gente pode relacionar com a questão da ansiedade e do surgimento também da depressão.



Gecom: Quando um comunicador deve procurar um psicólogo e quais cuidados você recomenda para ter uma saúde mental equilibrada?

Rodrigo Barreto: O comunicador ou profissional da área de comunicação ele deve procurar um profissional, um psicólogo quando perceber que o seu comportamento e as suas atitudes não condizem com a pessoa que ele é. Então, “eu tô tendo taquicardia”, “eu estou tendo pensamentos negativistas”, ‘eu mudei meus hábitos drasticamente”, “eu saia, não tô saindo mais”, “era comunicativo, não tô sendo mais”, “eu tinha amigos, agora não tô querendo ter mais amigos”, então são os indicativos que fazem com que essa pessoas tenham que fazer a busca por um profissional afim de ajudar. Eu recomendo, ainda que em pandemia, pra que você tenha uma boa saúde emocional, ou que você mantenha o equilíbrio emocional, que você possa praticar alguma atividade física, que você possa fazer uso de boas leituras, que você possa ter um bom ciclo social, um bom movimento social. A gente pode hoje utilizar isso através da tecnologia, fazendo videochamadas, montando grupos que você possa aproveitar a sua família, fazendo com que algumas coisas que você normalmente não faz com a sua família, você possa fazer. Essas são algumas dicas que a gente deixa para que você possa manter a sua saúde mental equilibrada e a fim de que você possa desenvolver a sua vida de maneira prazerosa.

Por fim, vai parecer antagônico o que vou falar, mas ‘maneirar’ também nas redes sociais é uma dica. Porque informação demais traz ansiedade. Informação de menos traz angústia. Mas a gente tem que manter o equilíbrio, então é bom, às vezes, a gente tentar se afastar um pouquinho das redes sociais, porque a gente acaba absorvendo muitas coisas negativas. Então, isso é bom para que a gente tenha uma higiene mental. Também, tomar cuidado com a alimentação. Nesse período de pandemia, a gente acaba fazendo uso da nossa alimentação de maneira errada. Então, tomar cuidado com a forma que a gente tá se alimentando, também.

Divulgação


Endereços dos escritórios

Consultório - Figueira

Av. Dona Tereza Cristina – Lote 01 - Quadra 09 - Figueira – Duque de Caxias/RJ

Segunda e Terça

9h as 20h

Consultório – Duque de Caxias

Av. Dr. Plínio Casado, 58 - Sala 412 - Centro – Duque de Caxias

Quarta, Quinta e Sexta

8h as 19h

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domingo, 25 de julho de 2021

Por que é importante as ONGs terem um blog?

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A criação de um blog ou site pode ser uma boa estratégia de marketing para o público de uma ONG, permitindo ao público conhecer a identidade dessa organização e um registro de suas atividades. Ao entender o funcionamento de um blog, ele pode ser um dos fatores de sucesso dentro do plano de comunicação, afinal ela representa a voz da ONG.

Em nossa entrevista do mês, convidamos a jornalista e produtora de conteúdo web, Ludmila Silva, 23 anos, para compartilhar seus conhecimentos sobre o valor dos sites e blogs para as ONGs. Formada em jornalismo pela Unicarioca, Ludmila foi colaboradora e editora da Agência de Notícias das Favelas (ANF), atuou como fotógrafa e repórter da Taça das Favelas - 2019 (o maior torneio de futebol de campo entre favelas do mundo idealizado pela Central Única das Favelas) e foi assessora de comunicação, produtora de conteúdo e social media da ONG Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra). Uma jornalista incansável, sempre se reinventando, confira abaixo mais uma entrevista que vai contribuir para sua estratégia de Comunicação.

Gecom: Conte sobre sua trajetória na Comunicação para o Terceiro Setor.

Ludmila Silva: Sou uma mulher periférica, nascida e criada em Magé, na Baixada Fluminense. Um local totalmente esquecido pelo poder público e que sofre muito com falta de universidades e uma mobilidade urbana eficiente. Então, meu interesse pelo jornalismo começou quando passei a ter ciência de que a grande mídia não falava nada sobre Magé. Quando aparecia, era por escândalos.  E, por morar ali, eu via que minha cidade era muito mais que isso. Sabia da importância de Magé e o quanto ela foi "usada" para beneficiar as grandes cidades do estado do Rio. Com 13 anos, eu já sabia que queria ser jornalista pra mostrar esse tipo de situação e o meu interesse pelo terceiro setor surgiu depois que comecei a estagiar na Fiocruz, onde vi de perto outras vivências de pessoas faveladas e periféricas.

Gecom: A sua experiência inclui produzir conteúdos para blogs, além de organizar pautas e realizar matérias em portais para ONGs e agências de notícias. Por que é importante e qual o valor que um blog tem para as ONGs?

Ludmila Silva: Um blog é o espaço onde as pessoas vão ver e ter uma melhor ideia sobre o que é sua organização e entender se o serviço social que ela presta para a sociedade realmente funciona e acontece. É muito importante ter um blog que se comunique de forma simples e direta com seu público. Algo como eles cheguem e falem: gostei e quero ficar.

Gecom: Como organizar pautas e produzir conteúdos para os blogs?

Ludmila Silva: Tudo vai depender do interesse do seu público alvo e do interesse da ONG. Por exemplo: é uma ONG voltada para os interesses das favelas, então as pautas devem ser interessantes pra quem mora lá. Pautas de serviço funcionam bastante nesse caso. Além disso, toda ONG possui um papel social de cobrar as autoridades, então é preciso ficar sempre atento a qualquer tipo de violação que agentes do Estado fazem, para que possamos cobrar.

Crédito: André Alves


Gecom: Compartilhe com a gente algumas orientações e recomendações que você faria aos comunicadores quando forem trabalhar com blogs para as ONGs.

Ludmila Silva: Escutem e criem proximidade com pessoas que sejam aliadas à causa que a ONG trabalha. Quanto mais você conhecer histórias, mais você vai conseguir se comunicar com a população a qual quer atingir.

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Então, gostaram? Compartilhe experiências como fez Ludmila Silva.

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terça-feira, 29 de junho de 2021

Comunicadores em busca do conhecimento

 


O conhecimento é algo que podemos adquirir em uma sala de aula, na rua, no trabalho, em livros, na internet, sozinho ou em grupo. Ao colocar em prática o conhecimento adquirido, estamos exercitando nossas habilidades, ou seja, o saber fazer.

A busca pelo conhecimento possibilita a estudantes, pesquisadores e profissionais de Comunicação a ampliação de visão de mundo, do entendimento do papel estratégico do comunicador e de sua participação cidadã.

Luiza Claro, 20 anos, Bruno Odacham, 25, e Heitor Felix, 18, são exemplos de comunicadores atuantes no Terceiro Setor, que por meio da aprendizagem vivencial e estudos ampliam seus conhecimentos para conduzirem seus trabalhos de comunicação onde atuam.

Luiza Claro está no quinto período do curso de Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas, pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha). Há pouco mais de dois meses, foi contratada pela ONG Atados como estagiária da equipe de Redes do Rio, que é responsável pelo relacionamento com ONGs e voluntários. Atua, também, como voluntária no Instituto Casa Viva, ONG que desenvolve projetos desde a primeira infância até a terceira idade. Bruno Odacham também estuda Comunicação Social na Facha, com habilitação em Jornalismo, está no sexto período, e é estagiário de editor de vídeos do jornal The Intercept Brasil. Esteve nos jornais comunitários A Voz da Favela e Voz das Comunidades, atuando como comunicador comunitário, desenvolve projetos de comunicação independente e é influenciador digital. Heitor Felix se dedica aos estudos do pré-vestibular +Nós, em Duque de Caixas, e pretende cursar jornalismo. Há quatro anos, está na ONG Movimento Alternativo Libertário e Organizado em prol da Cidadania e Apoio Social (Maloca). Há seis meses, é voluntário do Movimenta Caxias, aprendendo e desenvolvendo suas habilidades em comunicação ao lado de outros profissionais.

Acompanhe, na entrevista a seguir, as experiências de cada um.

Gecom: Como ou o que fez despertar o seu interesse pela comunicação?

Luiza Claro: Quando eu estava no último ano do ensino técnico em Publicidade, percebi que não gostaria de cursar Publicidade e Propaganda na faculdade. Então, pesquisando, encontrei Relações Públicas e, logo em seguida, a atuação no terceiro setor. Eu entendi a importância e a necessidade da comunicação nesse setor, e naquele momento tive a certeza que desejava ser uma Relações Públicas. Aprender sobre esse universo tão plural e essencial. 

Bruno Odacham: Eu sou morador da comunidade de Manguinhos e sempre me senti incomodado com os estigmas que aqui carregava de um lugar violento, um lugar de drogas, etc. Eu sempre via isso na televisão. Eu percebi que as pessoas tinham muita aversão a querer a conhecer, a entender. Apesar de ter algumas coisas negativas ali dentro, tem diversas coisas que são muito legais (e eu falo de projetos sociais, grupo de pessoas com interesse em comum). E aí, por conta das coisas que a gente via na televisão, minha mãe acabava me repreendendo pra não estar nesses espaços, principalmente pela violência e por achar que ali dentro só tinha "coisas erradas". Com o tempo, fui acompanhando melhor o que acontecia lá. Vendo que não era só isso, e que tinha coisas boas, aquilo me fez querer mostrar também para as outras pessoas. Isso acabou me potencializando, me inspirando. Foi aí que eu acabei conhecendo um pouco mais sobre comunicação comunitária, que é onde eu aprendi algumas coisas básicas do jornalismo, que é escrever, fotografar, fazer vídeo. Fiquei nesse meio comunitário uns três ou quatro anos, fazendo vários trabalhos, como dar voz para as pessoas, conhecer lugares dentro da comunidade, mostrar para as pessoas esses lugares. Foi aí que eu acabei entendendo e aprendendo o valor da comunicação. Entendi que a Comunicação consegue transformar a vida das pessoas. Através desses trabalhos, eu acabei ganhando uma bolsa de estudo da faculdade para cursar Jornalismo. Assim, a Comunicação muda a visão das pessoas, desconstrói alguns estigmas que elas têm, não só nas comunidades, mas também de outros lugares, outros assuntos, tabus. Então, ela me atraiu por conta disso, desse poder de transformação, de levar conhecimento ao outro.

Heitor Felix: Sempre fui muito fã de assistir esportes, viver e respirar sobre tudo que o envolvia.  E a vivência com isso me fez olhar com outros olhos de como a Comunicação chegou até a mim. Foi aos 14 anos que decidi o que queria fazer quando fosse pra faculdade, Jornalismo. Até aquela idade, eu tinha muitas opções e feito muitas escolhas, mas nenhuma que me deixasse feliz ou à vontade. Tenho a certeza que escolher a comunicação como meu objetivo é o que me deixa mais feliz ainda. Agora, é estudar pra chegar até lá.



Luiza Claro, estudante de Relações Públicas.


Gecom: Qual é o trabalho da ONG em que você atua e de que forma a comunicação tem contribuído para alcançar os resultados da sua organização?

Luiza Claro: A ONG Atados é uma plataforma gratuita que conecta ONGs com pessoas que desejam fazer trabalho voluntário. Além disso, desenvolve atividades e encontros para capacitar as organizações da Rede. Hoje, tem mais de 3.000 ONGs e mais de 180 mil usuários cadastrados. A comunicação, de forma estratégica, apoia a ampliação do Atados, influencia o engajamento, possibilita a criação de campanhas como do Meio Ambiente e o Dia do Voluntariado, o evento mundial conhecido como Dia das Boas Ações. Além de ser fundamental para atingir os objetivos da ONG.

Bruno Odacham: Já faz alguns anos que eu não participo da comunicação comunitária, mas dentro da minha experiência de quatro anos, eu percebi que uma das formas que a Comunicação consegue auxiliar é nos resultados das ONGs. Primeiramente, a gente vai ajustando a nossa linguagem. Saber ajustar a linguagem pra você falar com as pessoas, com as pessoas-alvo. Principalmente com as pessoas da comunidade, que geralmente têm seu dialeto próprio, têm formas específicas de falar, formas que são ali da própria comunidade. Então, um dos primeiros passos é saber se adequar a esse tipo de comunicação. Obviamente, que numa ONG que é voltada pra Comunicação, feita por pessoas de comunicação, fica muito mais fácil de isso acontecer. Fica mais confiável. As pessoas confiam mais em você. Outra coisa é se comunicar na internet. Ela auxilia bastante. Porque essas pessoas estão, também, na internet. Hoje todo mundo se encontra lá. Então, é como você saber em como usar essa Comunicação, além de acertar a linguagem para se comunicar com essas pessoas.

Heitor Felix: A minha mãe, Ana Felix, é fundadora da Maloca, que atua no Morro do Sossego no bairro do Pantanal desde 2018. É um projeto voltado para as mulheres onde estimula o acolhimento emocional delas e a geração de renda através de oficina de artesanato. A comunicação na Maloca tem como impacto a divulgação das ações que ocorrem, como aulas e recebimento de doações nesta época de pandemia. A Maloca foi o meu primeiro contato com trabalho voluntário até chegar onde estou agora, no Movimenta Caxias. O Movimenta tem como luta a reivindicação de direitos de todos os que enfrentam desigualdades na cidade, fazendo com que todos entendam que somente em coletividade conseguiremos alcançar nossos objetivos e uma sociedade mais justa. Neste início do ano, eu entrei para o Movimenta Caxias e por meio da Juliana, que é a coordenadora de comunicação, entrei para parte dos voluntários de mídia. Ali, fizemos diversas coisas através da comunicação. Pelo Instagram, que é onde o Movimenta tem um alcance maior, publicamos coberturas de atos, de entregas da campanha Tem Gente com Fome e de manifestações. A comunicação tem sido muito importante nesses últimos meses.

Bruno Odacham, estudante de Jornalismo.


Gecom: O que você tem feito para se capacitar em comunicação?

Luiza Claro: Eu tenho feito cursos, como os da Escola Aberta do Terceiro Setor, Rock Content e Google Academy. Assisto lives e vídeos no YouTube, escuto podcast de pessoas que são referências em Relações Públicas e comunicação. Leio artigos, textos e trabalhos de conclusão de cursos em pesquisas na internet. Antes da pandemia, também costumava ir em palestras. Essas são as formas que encontrei para complementar minha formação e estar sempre atualizada. Através do meu projeto pessoal pela rede social @com.unica3 conheço e me conecto com pessoas. A partir disso, peço dicas e converso para aprimorar as ideias que tenho; é o famoso networking. Quando eu entendi que a maior parte das pessoas não se sente incomodada com mensagens, tudo mudou para mim.

Bruno Odacham: Estar nos espaços online, nas discussões que acontecem nos debates públicos. Principalmente no Twitter, porque lá é onde os assuntos acontecem com mais rapidez, com um fluxo muito mais rápido. Depois de eu ter começado a fazer faculdade, fui entendendo como é importante a gente ficar antenado com as coisas que acontece, porque isso tá sempre influenciando a gente de alguma forma, seja direta ou indiretamente. Saber seguir o fluxo, tá sempre atualizado nesse sentido, na forma de se comunicar com o outro. Uma outra maneira que encontro de me especializar é criando projetos, colocando a mão na massa. Nas coisas que eu vou aprendendo, tento colocar em algum lugar. Já trabalhei, por exemplo, com um canal no YouTube com várias dicas sobre brechós no Rio de Janeiro, o “Canal Bruno Odacham”. Atualmente, estou com um projeto de podcast, chamado “Qual é o hit?”, voltado para o mundo musical, onde eu e meu parceiro conversamos sobre alguns temas que rodeiam o mundo musical e, às vezes, o mundo pop. Colocar a mão na massa ajuda a gente se especializar. Porque quando a gente vai colocar em prática, sempre tem alguma coisa que a gente não sabe. O YouTube é um lugar que eu sempre vou pesquisar coisas que eu não sei, como tutoriais, além de debates e conversas que vão sempre somar no que estudo.

Heitor Felix: Neste ano, participei de um laboratório do Voz da Baixada que falou sobre design, fotografia, texto e criação de conteúdo. Foi um grande aprendizado estar no meio de jornalistas, pessoas que tocam comunicação comunitária, como Renê Silva, do Voz das Comunidades, te dando palestra. Você se sente bem e sentindo que é possível sim entrar na faculdade e com os estudos vai longe. Também escrevi duas matérias pelo PerifaConnection para o jornal Meia Hora. Foi muito gratificante ler meu nome em um jornal de grande circulação. Tive ajuda do Marcos Furtado, jornalista que veio de Belford Roxo, para a entrevista e o texto. Acredito que a Baixada tem muita potência, só faltam oportunidades de capacitação com quem já é do ramo. Essa troca de experiência ajuda muito no conhecimento.

Heitor Felix, estudante de pré-vestibular para Comunicação.



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