domingo, 29 de julho de 2018

Morre João Carpalhau, o senhor dos quadrinhos da Baixada


João Carpalhau: representatividade da Baixada Fluminense no mundo das histórias em quadrinhos.              Crédito: Reprodução internet.

O mundo dos quadrinhos sofreu uma perda na última quinta-feira (26), quando morreu o quadrinhista, ilustrador e promotor cultural, João Carpalhau, do grupo Capa Comics, vítima de um ataque cardíaco.


Nascido em 17 de julho de 1980, Carpalhau desenhava desde a infância e, mais tarde, passou a publicar tiras em seu blog. Foi alfabetizado pela sua própria mãe, dona Orneli, professora de literatura. Morreu aos 38 anos, deixando esposa e filho.


Ao lado de amigos, como Alex Genaro (Valkíria), Cristiano Ludgerio, Hamilton Kabuna, Luciano Cunha (Doutrinador) e outros, fundou o grupo Capa Comics, em 2013, numa conversa de boteco, com o objetivo de criar um coletivo de histórias em quadrinhos independentes, com histórias contadas e feitas pelos artistas da Baixada Fluminense, valorizando a cultura local. Essa empreitada possibilitou que uma Duque de Caxias dos quadrinhos fosse criada e, consequentemente, que a Baixada Fluminense se expandisse para o mundo dos quadrinhos.


O nome Capa Comics é inspirado na lenda do Homem da Capa Preta, em referência a Tenório Cavalcanti, político da Baixada, nos anos 50 e 60, e vivido por José Wilker nos cinemas. A palavra inglesa “comics” refere-se às histórias em quadrinhos, como são chamadas nos Estados Unidos. No grupo Capa, criou personagens como Detrito, um professor que sofre um atentado e é deixado para morrer no Rio Sarapuí, mas, devido à poluição, ressurge como uma criatura monstruosa para combater criminosos. O personagem chegou a ganhar um curta-metragem de animação dublado por Ricardo Juarez, conhecido pelas vozes de personagens como Johnny Bravo e Capitão Átomo.

Capa da revista do personagem Detrito. Crédito: Reprodução internet.


Em 2016, em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo de Duque de Caxias, criou a Gibiteca Adail José de Paula, dentro da Biblioteca Municipal Governador Leonel de Moura Brizola, a primeira gibiteca de Caxias, em homenagem ao primeiro cartunista da cidade. A gibiteca conta com um acervo de mais de 2 mil títulos disponíveis ao público.

Gibiteca Pública em Duque de Caxias. Iniciativa do grupo Capa Comics reúne mais de 2 mil títulos. Crédito: Gecom.



Também criou a Gibizeira, feira de quadrinhos independentes para promover o trabalho de artistas da Baixada Fluminense, em que por meio de parcerias com empresas ou shoppings conseguem mesas de graça para os quadrinhistas, que vendem suas obras sem ter que pagar pelo espaço.


João Carpalhau realizava palestras e oficinas, promovendo debates sobre o tema e formas de utilizar os quadrinhos como ferramenta educacional. Ele esteve, também, na Biblioteca Comunitária Manns, que compõe a Rede de Bibliotecas Comunitárias: Tecendo Uma Rede de Leitura, em João Pessoa, bairro de Duque de Caxias, mostrando e ensinando a arte de educar por meio do que mais gostava de fazer: narrar e contar uma história por meio da arte sequencial ilustrada.


Infelizmente não tive a honra de conhecê-lo pessoalmente, mas pude ver os trabalhos e a grande contribuição que ele deu para o mercado de quadrinhos nacionais e independentes, além de incentivar a cultura da nona arte em Caxias. Que o legado dele, como a Gibiteca Pública e a Gibizeira, possam render bons frutos e seguirem cada vez mais com incentivos.


Excelsior!


*Com informações de Antônio Carlos Lemos e do site oficial Capa Comics.


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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Uma história de amor e esperança por uma causa cidadã


A trajetória de vida de Iracilda a fez perceber que fazendo o bem, recebe de volta o bem.


Iracilda Pereira Rodrigues gostava de cantar e desde cedo ajudava muitas pessoas pelas ruas. O início é até simples, mas nem tanto como se parece. Nos anos 90, ela cantou nas rádios Tupi e Nacional, cantou ao lado de vários cantores, como Luiz Gonzaga e Carlos Alberto, e gravou um CD. Depois de um tempo afastada da música, ela retornou cantando em várias casas de show, em Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense. Em 2000, quando se preparava para lançar o segundo CD, infelizmente teve que parar. “Meus filhos estavam presos e para eu lutar para tirar eles da cadeia, eu tinha que ter tempo. Então, larguei a música”, relembra.


Hoje, aos 66 anos, a presidente-fundadora da Associação Projeto e Prevenção (Apep), Iracilda, conta que uma de suas inspirações para criar a ONG surgiu pelas experiências com os dois filhos que possui. Um deles, dependente químico, se tornou pastor, depois de muito tempo se recuperando da dependência. Hoje, ele coordena um trabalho de cuidado e prevenção com esses usuários.


“Percebi que tem muita gente que pretende sair dessa dependência, mas não consegue. É muito importante, pra gente, ver essas pessoas saírem das drogas e, mais ainda, ver o próprio filho saindo desse caminho”, conta.


Outra filha de Iracilda é transexual. Tem sequelas devido à tuberculose cerebral e óssea, com uma perna menor do que a outra. A dificuldade em conseguir um tratamento pelas vias públicas, por carência de profissionais no atendimento, impede sua filha ter um cuidado digno.


Assim, somada essas experiências com os filhos, a ajuda e o cuidado que sempre teve com as pessoas desde criança, Iracilda decidiu criar a Associação, no bairro Doutor Laureano, em Duque de Caxias.


“Aqui, antes de fundar a ONG, ajudei a colocar manilhas nas valas, aterrar ruas e dei comida para os trabalhadores”, conta. “Depois, fui fazendo trabalhos sociais, distribuindo comida, doando roupas, ajudando de várias formas”, completa.


Mesmo com o registro de sua organização, ainda não foi possível captar recursos suficientes para financiar a estruturação dos projetos, como atendimento aos transexuais, portadores de HIV e dependentes químicos, além de alfabetização para crianças e adultos. “Você pode fazer tudo, mas se não tiver um documento na mão, você não consegue andar para poder melhorar e fazer um trabalho mais forte”, diz.


Atualmente, o atendimento é feito provisoriamente na própria casa, pois é preciso ter dinheiro para a construção ou alugar um espaço para criar uma sede. “Precisamos de um local próprio para atender melhor as pessoas. A esperança de que eu vou conseguir realizar todos os meus projetos e gostar de ajudar é o que me motiva”, diz otimista.


Um detalhe importante nessa história, que ela faz questão de registrar é o casamento com Alberto Rodrigues. “Depois de tantas lutas, encontrei um parceiro e amigo, o meu esposo que está sempre ao meu lado, compartilhando comigo tudo o que faço”, declara.



Em 2017, dois anos após a fundação da Apep, Iracilda escreveu o livro “Minha missão...amar!”, em que narra sua trajetória de vida, ajudando as pessoas mais necessitadas. Um livro que conta as suas dificuldades, decepções, tristezas, mas na certeza de que com muita luta, esperança e amor o sonho de uma vida melhor se concretizará.


No dia 21 de julho, a Apep planeja realizar uma ação social na comunidade, em que será feita coleta de sangue para exame de glicemia, emissão de carteira profissional, atendimento jurídico e assistencial, além de outras ações.


Então, acompanhe na página da Apep as atualizações e divulgação das atividades.




Sobre a Apep



A Associação Projeto e Prevenção possui ações multissociais com pessoas engajadas no atendimento aos assistidos, como dependentes químicos, portadores de HIV, transexuais em ações conjuntas com a comunidade, levando informações e esclarecimento sobre prevenção e promoção de cidadania. Pretende atender o maior número de pessoas e ajudá-las no que for possível.


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