João Carpalhau: representatividade da Baixada Fluminense no mundo das histórias em quadrinhos. Crédito: Reprodução internet. |
O mundo dos quadrinhos sofreu uma perda na última quinta-feira
(26), quando morreu o quadrinhista, ilustrador e promotor cultural, João
Carpalhau, do grupo Capa Comics, vítima de um ataque cardíaco.
Nascido em 17 de julho de 1980, Carpalhau desenhava
desde a infância e, mais tarde, passou a publicar tiras em seu blog. Foi
alfabetizado pela sua própria mãe, dona Orneli, professora de literatura. Morreu aos 38 anos, deixando esposa e filho.
Ao lado de amigos, como Alex Genaro (Valkíria),
Cristiano Ludgerio, Hamilton Kabuna, Luciano Cunha (Doutrinador) e
outros, fundou o grupo Capa Comics, em 2013,
numa conversa de boteco, com o objetivo de criar um coletivo de histórias em quadrinhos
independentes, com histórias contadas e feitas pelos artistas da Baixada
Fluminense, valorizando a cultura local. Essa empreitada possibilitou que uma
Duque de Caxias dos quadrinhos fosse criada e, consequentemente, que a Baixada Fluminense
se expandisse para o mundo dos quadrinhos.
O nome Capa Comics é inspirado na lenda do Homem da
Capa Preta, em referência a Tenório Cavalcanti, político da Baixada, nos anos
50 e 60, e vivido por José Wilker nos cinemas. A palavra inglesa “comics”
refere-se às histórias em quadrinhos, como são chamadas nos Estados Unidos. No
grupo Capa, criou personagens como Detrito, um professor que sofre um atentado
e é deixado para morrer no Rio Sarapuí, mas, devido à poluição, ressurge como
uma criatura monstruosa para combater criminosos. O personagem chegou a ganhar
um curta-metragem de animação dublado por Ricardo Juarez, conhecido pelas vozes
de personagens como Johnny Bravo e Capitão Átomo.
Capa da revista do personagem Detrito. Crédito: Reprodução internet. |
Em 2016, em parceria com a
Secretaria de Cultura e Turismo de Duque de Caxias, criou a Gibiteca
Adail José de Paula, dentro da Biblioteca Municipal Governador Leonel de Moura
Brizola, a primeira gibiteca de Caxias, em homenagem ao primeiro cartunista da
cidade. A gibiteca conta com um acervo de mais de 2 mil títulos
disponíveis ao público.
Gibiteca Pública em Duque de Caxias. Iniciativa do grupo Capa Comics reúne mais de 2 mil títulos. Crédito: Gecom. |
Também criou a Gibizeira, feira
de quadrinhos independentes para promover o trabalho de artistas da Baixada
Fluminense, em que por meio de parcerias com empresas ou shoppings
conseguem mesas de graça para os quadrinhistas, que vendem suas obras sem ter que pagar pelo espaço.
João Carpalhau realizava
palestras e oficinas, promovendo debates sobre o tema e formas de
utilizar os quadrinhos como ferramenta educacional. Ele esteve, também, na Biblioteca
Comunitária Manns, que compõe a Rede de Bibliotecas Comunitárias: Tecendo Uma
Rede de Leitura, em João Pessoa, bairro de Duque de Caxias, mostrando e
ensinando a arte de educar por meio do que mais gostava de fazer: narrar e
contar uma história por meio da arte sequencial ilustrada.
Infelizmente não tive a honra de conhecê-lo pessoalmente,
mas pude ver os trabalhos e a grande contribuição que ele deu para o mercado de
quadrinhos nacionais e independentes, além de incentivar a cultura da nona arte
em Caxias. Que o legado dele, como a Gibiteca
Pública e a Gibizeira, possam render bons frutos e seguirem cada vez mais com
incentivos.
Excelsior!
*Com informações de Antônio Carlos Lemos e do site oficial Capa
Comics.
Acompanhe mais no Instagram @gecomterceirosetor
triste.
ResponderExcluirTexto maravilhoso! Perdemos um grande artista incentivador dos sonhadores quadrinistas!
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