domingo, 29 de novembro de 2015

Comunicação comunitária



Uma comunicação para a comunidade não se aprende, somente, em centros acadêmicos. Ela se aprende ouvindo e vivendo a camada popular. As ferramentas existem nas instituições acadêmicas, mas as técnicas para as usarem são aprendidas com a vivência. É a comunidade que vai exprimir o desejo do que se quer ouvir e ler. Ela quer a realidade, a verdade transparente e não deturpada, que a mídia convencional difunde.

Uma comunicação comunitária de verdade se aprende na rua, no bairro, no subúrbio, na favela, na baixada. Contudo, não deve ser levada pela linguagem coloquial ou a pura indignação da camada menos favorecida e cair na armadilha em que muitos pretensiosos comunicadores caem quando se propõem a esta causa. Eles acabam caindo no amadorismo de sempre, tornando-se redatores do inconformismo. Criticam e não apresentam soluções. Alguns viram reprodutores de um discurso ideológico pronto e se perdem no campo da crítica e da verdadeira missão que é informar, indagar, abrir possibilidades para uma discussão viável e estabelecer um bom diálogo.

É, por isso, que os centros acadêmicos não podem negar a formação da comunicação comunitária feita na comunidade. As duas devem se complementar, sem uma sobrepujar a outra. Pois é fora das quatro paredes que você vê, ouve e sente o que a comunidade quer saber. É na hora que se desenvolve essa comunicação que a habilidade de cada comunicador deve entrar em cena para adaptar as ferramentas acadêmicas ao estilo de cada localidade, servido a um propósito, sem se sujeitar a ele. Afinal, as expectativas têm que ser realistas.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Algumas observações



No post de hoje optei por escrever algo diferente. Na verdade, não é nenhum artigo ou um relato pessoal. São algumas pontuações que fiz (e ainda faço) sobre alguns artigos, livros, relatos de profissionais das áreas de Comunicação e do Terceiro Setor, que escolhi compartilhar com vocês.  Então, vamos a algumas delas:
  • As ONGs estão em um momento de desenvolvimento profissional em que precisam aperfeiçoar seus processos de planejamento, monitoramento, avaliação, captação de recursos e comunicação.
  • Os profissionais de Comunicação têm de reaprender seu papel, como parceiros na tarefa de desvendar – ou pelo menos acompanhar – os avanços advindos da pós-modernidade.
  • A sociedade está exigindo cada vez mais transparência e lealdade.
  • O profissional de Comunicação deve buscar a credibilidade alinhada a um discurso crível que possa construir relacionamentos com entidades, governos e outras organizações, fortalecendo a imagem institucional.
  • Nas redes sociais não há respeito a hierarquias e predomina a rede informal de contatos.
  • Em projetos, a comunicação deve ser feita de maneira clara, sucinta e compreensível para todos os envolvidos.
  • A comunicação em projetos trata, principalmente, da comunicação feita entre e para a equipe, visando facilitar o trabalho de todos e manter o grupo unido em torno de seus afazeres.
  • O que é óbvio para você, pode não ser óbvio para o outro.
 Fiquem a vontade para acrescentarem mais ou refletirem sobre os pontos acima.

sábado, 22 de agosto de 2015

Comunicação estratégica para o Terceiro Setor


Quais são os desafios, o perfil profissional e as estratégias de comunicação para o Terceiro Setor? A jornalista e especialista em Comunicação Empresarial, Letícia Carpanez de Paiva descreve sobre a comunicação estratégica no Terceiro Setor neste novo post, publicado originalmente no site http://comunifoco.com.br.

As organizações do Terceiro Setor têm ganhado cada vez mais destaque na sociedade e espaço na mídia. Entretanto, têm seu poder de ação e de mobilização limitados pela falta de uma estrutura de comunicação profissionalizada.

Este cenário começa a mudar, porque algumas entidades já perceberam a necessidade da implantação de uma comunicação estratégica para estabelecerem relações com seus diversos públicos, ganharem credibilidade e poderem se tornar mais atuantes junto à sociedade. Do mesmo modo, crescem as discussões de que o Terceiro Setor é um mercado promissor para os profissionais de comunicação. O problema é saber se este profissional está preparado para esse nicho e quais são os desafios enfrentados por ele.

Perfil do profissional

Os profissionais de comunicação que trabalham nessas organizações enfrentam a falta de recursos financeiros para o desenvolvimento de projetos de comunicação e a falta de uma formação humanística que o permita entender o outro. Com isso, é preciso que o comunicador seja aberto ao diálogo e use a criatividade, faça experimentações, tenha motivação e um olhar atento para perceber tendências, demandas e desenvolver um bom trabalho na organização para a qual trabalha.

Com o desenvolvimento do Terceiro Setor, percebe-se a necessidade de uma comunicação eficaz, pois esta é importante e garante a divulgação da organização e do trabalho realizado por ela, consolida uma imagem junto à comunidade e cria um relacionamento com seus diferentes públicos. Além disso, no caso das organizações não-governamentais (ONGs) é uma forma de mobilizar as pessoas para participarem de uma causa, bem como prestar contas de suas atividades, demonstrando transparência e ética.

Comunicação mobilizadora

O envolvimento das pessoas que trabalham nas ONGs é muito importante para a construção da identidade corporativa e de uma imagem. Afinal, uma imagem bem trabalhada e difundida, pode atrair mais parcerias, voluntários, doações e, é claro, credibilidade. Mas para isso, é preciso se voltar para o público interno da instituição, perceber como esta é vista por seus funcionários e voluntários e desenvolver um trabalho de conscientização junto a eles. Além da mobilização interna, é preciso se levar em conta a relação com o público beneficiado, doadores e parceiros da instituição para reforçar o vínculo e proporcionar a continuidade das ações da ONG.

O próximo passo seria estabelecer uma relação profissional com a mídia, gerando interesse público e atendendo aos veículos, de acordo com suas características e prazos (imprensa, rádio, TV, Internet).  Esse relacionamento criado pelo comunicador pode fazer da ONG uma constante fonte em sua área de atuação, sempre que for necessário divulgar fatos que interessem à opinião pública ou quando houver debates de assunto polêmico.

Outro ponto importante é o uso da Internet, permitindo às organizações formular estratégias, trocar experiências e lutar por mudanças sociais concretas. Por isso, uma eficiente ferramenta é construção de um site da organização, que deve ser mantido constantemente atualizado com notícias e que contenha o histórico da instituição, sua missão e valores, parceiros e prestações de contas e não se esquecer das mídias sociais que estão em alta e podem ser um excelente canal para estreitar relações, mobilizar o público e conseguir financiamento para a causa.

Há sempre diferentes maneiras de se pensar e fazer comunicação, mas o profissional deve analisar o ambiente em que se encontra, sentir as tendências e tentar novas ferramentas ou ações de comunicação, pois não há uma única forma estabelecida para a comunicação no Terceiro Setor.

Letícia Carpanez de Paiva é jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com especialização em Comunicação Empresarial (UFJF) e mestrado em Ciências da Informação, comunicação e novas mídias pela Université de Provence. Criadora e responsável pelo blog de comunicação empresarial e mídias sociais Comunicanet www.comunicanet.wordpress.com.