terça-feira, 25 de novembro de 2025

4° Prêmio MOL de Jornalismo para a Solidariedade: Como o Instituto MOL Reconhece o Poder do Jornalismo na Promoção da Solidariedade e do Impacto Social

Ganhadores do 3° Prêmio MOL de Jornalismo para a Solidariedade organizado pelo Instituto MOL. / Divulgação

A quarta edição do Prêmio MOL de Jornalismo para a Solidariedade, uma iniciativa do Instituto MOL, está com inscrições abertas até 14 de janeiro de 2026 e são gratuitas. O prêmio que reconhece produções jornalísticas e comunicacionais com propósito social tem abrangência nacional, valoriza reportagens que promovem a solidariedade, a diversidade e o combate ao racismo, fortalecendo um jornalismo mais plural em todo o país.

Os trabalhos serão avaliados nas categorias Jornalismo Tradicional, Jornalismo Comunitário e Jornalista em Formação, e podem ser submetidos em diferentes formatos: texto, áudio, vídeo, fotojornalismo e multimídia — este apenas para a categoria Jornalismo Comunitário.

O grande destaque desta edição é a criação do Troféu Helaine Martins, uma homenagem à jornalista carioca falecida em 2021, criadora do projeto Entreviste Um Negro e referência nacional na luta por um jornalismo antirracista e mais representativo.


Com 245 trabalhos inscritos na última edição, o prêmio demonstrou seu impacto em todo o território nacional.


O Gecom realizou uma entrevista com Ana Julia Rodrigues, líder de projetos do Instituto MOL, para explicar mais sobre o papel do jornalismo na promoção da solidariedade e da representatividade e também sobre o Prêmio. Descubra mais abaixo e aproveite para fazer sua inscrição.


Gecom: Nos últimos anos, tivemos uma efervescência do negacionismo, da polaridade e de fake news, culminando na desinformação. E como a informação é a matéria-prima da comunicação e, por consequência, do jornalista, de que forma o jornalismo, dentro da perspectiva de promoção das causas sociais, pode contribuir para uma mudança deste cenário?


Ana Julia: Gosto de pensar que a matéria prima da comunicação é a mediação. Se entendemos que a matéria prima do jornalismo não é apenas o fato isolado, mas a relação que se estabelece com a sociedade, então o enfrentamento desse cenário exige mais do que ampliar o volume de conteúdo, exige reconstruir vínculos públicos.

Dentro da perspectiva do jornalismo voltado às causas sociais, essa reconstrução passa por três dimensões que se reforçam: a aproximação com grupos historicamente pouco representados; a produção de informação contextualizada e a atuação em rede.

A desinformação prospera oferecendo respostas simples para problemas complexos. E o jornalismo comprometido com causas sociais atua no sentido oposto: oferece contexto, evidencia como políticas públicas afetam diferentes grupos, esclarece processos e ajuda o público a interpretar o que está acontecendo. Não se trata de ser “didático demais”, mas de reconhecer que, sem contexto, a sociedade fica mais vulnerável ao negacionismo.

E vale dizer que a desinformação circula conectada. Por aplicativos, grupos, influenciadores e plataformas. O jornalismo que trabalha com causas também precisa operar em articulação com mídias locais, coletivos comunitários, organizações da sociedade civil e comunicadores independentes.

Em resumo, o jornalismo pode contribuir para enfrentar a desinformação quando compreende que sua matéria-prima é a relação com o público. Uma relação que envolve confiança, reconhecimento e responsabilidade pública. Ao aproximar narrativas de quem vive os problemas, ao contextualizar e ao articular redes, atua diretamente na reconstrução desses vínculos e, portanto, na redução do espaço disponível para a desinformação.


O Prêmio reconhece profissionais e estudantes que promovem um jornalismo com propósito social, empatia e diversidade. / Divulgação



Gecom: Qual a importância dos jornalistas profissionais e dos comunicadores que atuam no terceiro setor na produção do jornalismo voltado para as causas sociais?


Ana Julia: O jornalismo sempre foi um serviço público, mesmo quando realizado dentro de empresas privadas. Isso significa que sua função central é produzir informação que permita às pessoas entenderem como decisões, políticas e conflitos afetam suas vidas. Quando falamos de causas sociais, essa responsabilidade se torna ainda mais evidente, porque envolve grupos e temas que historicamente receberam pouca atenção ou foram tratados de forma superficial.

Os comunicadores que atuam no terceiro setor trazem proximidade com territórios, vivências e agendas que muitas vezes não aparecem no noticiário tradicional. Eles ampliam o acesso a fontes, contextualizam realidades e aproximam o jornalismo da vida cotidiana das pessoas.

Essa combinação é relevante porque conecta dois saberes complementares: o domínio técnico do jornalismo e o conhecimento social acumulado pelas organizações. Juntos, eles ajudam a construir narrativas mais completas, responsáveis e sensíveis às desigualdades. Em um cenário de desinformação e perda de confiança, esse encontro fortalece o caráter público da informação e reforça o compromisso do jornalismo com a sociedade.


Ana Julia Rodrigues, líder de projetos do Instituto MOL. / Divulgação



Gecom: Como tem sido a recepção do prêmio Mol no estado do Rio de Janeiro, especificamente falando de favelas e da baixada?


Ana Julia: Desde a primeira edição, recebemos diversas reportagens de jornalistas e comunicadores do Rio de Janeiro. Na terceira edição, em especial com a criação da categoria de Jornalismo Comunitário, pudemos reconhecer que uma parte fundamental da produção jornalística no Brasil nasce nos territórios e a partir deles. E para o Prêmio, jornalismo comunitário não é uma categoria menor ou alternativa; é uma expressão legítima de jornalismo que atua diretamente onde a vida acontece, onde os conflitos se manifestam e onde a informação cumpre uma função concreta de cuidado público.

A recepção do Prêmio no estado do Rio de Janeiro, nas favelas e na baixada, mostra a força desse ecossistema. Esse engajamento do Rio confirma que o prêmio está dialogando com um campo que existe, é vigoroso e tem impacto real. Essa participação evidencia que, quando abrimos espaço e reconhecemos as especificidades do jornalismo feito por quem vive o território, fortalecemos a diversidade de olhares e ampliamos a capacidade do jornalismo de cumprir sua função social. É um retorno que valida a concepção do Prêmio: a de que o jornalismo comunitário é parte estruturante do jornalismo brasileiro e essencial para a democracia.


Jornalistas e comunicadores das favelas cariocas ou da Baixada Fluminense têm a oportunidade de terem seus trabalhos reconhecidos e premiados pelo Instituto MOL. / Divulgação



Gecom: Gostaria de aproveitar a oportunidade para ampliar esse convite aos jornalistas e comunicadores da região?


Ana Julia: Claro! Fica aqui o convite para que os jornalistas e comunicadores do estado enviem seus trabalhos. As inscrições ficam abertas até dia 14 de janeiro, então ainda tem um bom tempo para fazer a curadoria dentre seus trabalhos ou ainda, produzir uma reportagem. O período de publicação fica entre dia 1 de janeiro de 2025 e 14 de janeiro de 2026. Vale lembrar que são mais de 70 mil reais em dinheiro, distribuídos aos primeiros lugares de cada categoria. Todas as informações estão no site do Prêmio: https://www.premiodejornalismo.institutomol.org.br/ . Dúvidas ou sugestões, escrevam para nós no premiomoljornalismo@institutomol.org.br.

Esperamos por vocês.



Sobre o Instituto MOL

O Instituto MOL é a frente social do Grupo MOL e usa a força da comunicação para inspirar a generosidade e construir uma nação doadora. Atua em parceria com organizações da sociedade civil, veículos de imprensa e influenciadores para facilitar a conexão e diminuir barreiras de acesso à informação e fortalecer o ecossistema da cultura de doação no Brasil. Em seus projetos, estimula o engajamento cidadão, a doação e o protagonismo das OSCs.

Saiba mais em: www.institutomol.org.br.




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