terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Aprenda o que é importante no relacionamento entre a comunicação das ONGs e empresas patrocinadoras

Arquivo pessoal


Nesta última entrevista do ano, vamos encerrar com dicas valiosas para os responsáveis pela comunicação das ONGs que possuem algum tipo de patrocínio ou almejam esse tipo de parceria.

Claudio Jorge Oliveira, 56 anos, é jornalista e historiador, e foi coordenador de ativação de patrocínio e gerente de eventos e promoções na Petrobras. Nosso convidado aceitou a fechar nossa série de entrevistas com profissionais de comunicação, que realizamos este ano. Confira!


Gecom: Conte um pouco sobre sua trajetória de jornalista até o período em que foi coordenador de patrocínios.

Claudio Jorge: De 2005 a 2018 fui coordenador de patrocínio da música e patrimônio, coordenador de ativação de patrocínio e gerente de eventos e promoções (que também incluía alguns patrocínios).  Minha trajetória é peculiar por não ser linear, isto é, graduação e depois mercado de trabalho. Comigo foi o contrário. Primeiro, comecei a trabalhar para bem depois me graduar. Eu estava na Petrobras desde 1985, mas só em 1992 ou 1993 é que passei a atuar na comunicação da Refinaria Duque de Caxias (Reduc). Eu era responsável pela área editorial que incluía os informes para os empregados e o atendimento à imprensa. Havia uma jornalista contratada, que respondia pelos veículos e eu exercia uma função de supervisão. Nessa altura, eu já tinha cursado duas universidades e desistido antes de me graduar, a primeira de História, na Universidade Federal Fluminense (UFF) e a segunda de Letras, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Fiquei nesta atividade na Reduc até 2000, quando assumi a chefia da Assessoria de Comunicação por alguns meses e depois, já em 2001, saí da Reduc e fui para a área de planejamento de comunicação na sede da Petrobras. Foram dois anos muito legais, muito ricos profissionalmente, porque fiquei responsável pela coordenação do projeto de criação de um sistema de comunicação de crise e com isso tive a oportunidade de viajar e conhecer toda a grandiosidade da Petrobras, coisa que eu desconhecia, apesar de quinze anos na companhia. Em 2003, passei a trabalhar com patrocínios. Em 2005, finalmente me graduei em Jornalismo e dei a sorte de ter um concurso para profissional de comunicação na própria Petrobras. Concurso externo, com milhares de candidatos. Fiz, passei e aí virei profissional de comunicação.

Gecom: Muitas ONGs que começam seus trabalhos não têm um profissional ou uma pessoa responsável pela comunicação, seja por falta de dinheiro ou por não compreenderem sua importância. No momento em que elas conseguem patrocínio, você considera importante investir neste profissional? Qual o papel dele nesta relação empresa patrocinadora e patrocinado?

Claudio Jorge: Apesar de eu ser um mau exemplo, porque atuei muito tempo sem ser formado, acho fundamental que qualquer instituição que tem imagem pública tenha um setor dedicado a gerenciar essa imagem. E, nesse sentido, é bastante recomendável que haja profissionais de comunicação exercendo essa atividade. Agora, se a instituição vive de patrocínio, essa necessidade se torna questão de vida ou morte, porque o objetivo central de um patrocinador é ter retorno de imagem, de mídia. E aí um profissional gabaritado vai fazer duas coisas: a primeira é um plano de mídia adequado a obter o máximo de exposição positiva; a segunda é produzir um relatório comprovando a eficácia desse plano de mídia para apresentar ao patrocinador. Frequentemente a renovação de um patrocínio depende desses dois fatores.

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Gecom: Neste período em que você esteve à frente da área de patrocínios, quais os pontos positivos e onde a comunicação dos projetos patrocinados estão falhando?

Claudio Jorge: Um patrocinado ganha muitos pontos positivos quando consegue compreender que patrocínio não é necessariamente filantropia, isto é, o patrocinador não está colocando dinheiro a fundo perdido. Ele quer um retorno e esse retorno é o reconhecimento público de que o projeto é importante, ao mesmo tempo em que fica patente a associação da marca do patrocinador ao projeto. As falhas estão exatamente nos dois itens que citei na resposta anterior: plano de mídia e relatório de mídia. Isso porque muitas vezes o orçamento é curto e aí o patrocinado foca na produção, o que está correto. O problema é que o resultado será aferido por meio da exposição de mídia. E para ter retorno nisso, precisa gastar e gastar com foco, com inteligência.

Gecom: Compartilhe com a gente algumas recomendações de comunicação para as ONGs.

Claudio Jorge: É preciso manter uma comunicação permanente, porque hoje o que vale são as redes sociais. Então, é preciso manter canais e gerar conteúdos frequentemente e buscar captar e fidelizar seguidores.


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