quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Casa Fluminense prorroga inscrições para edital de comunicação comunitária


Divulgação Casa Fluminense

As propostas de conteúdo (reportagens, vídeos de curta duração e podcasts) para a I Chamada Pública do Fundo Casa para a Mobilidade podem ser enviadas até o dia 3 de setembro, novo prazo divulgado pela Casa Fluminense.

A instituição vai investir R$ 17 mil em sete propostas de conteúdos enviadas por coletivos, grupos de comunicação comunitária, associações, movimentos e organizações da sociedade civil da cidade metropolitana do Rio de Janeiro.

Aproveite e faça sua inscrição neste formulário e participe desta construção coletiva de políticas públicas de mobilidade urbana.

“A ideia desse edital veio para fortalecer os grupos de comunicação popular e mídia livre, pois entendemos que a democratização da comunicação e do fazer mídia é fundamental para uma horizontalidade da informação”, conta a coordenadora de comunicação da Casa Fluminense, Aline Souza.




domingo, 20 de agosto de 2017

Casa Fluminense convoca comunicadores comunitários para a I Chamada Pública para a Mobilidade



Divulgação Casa Fluminense



Estão abertas as inscrições para a I Chamada Pública do Fundo Casa para a Mobilidade, organizada pela Casa Fluminense, até dia 27, que vai contemplar coletivos, grupos de comunicação comunitária, associações, movimentos e organizações da sociedade civil da cidade metropolitana do Rio de Janeiro que abordem o tema Mobilidade Urbana. Os critérios de seleção se dará a partir da diversidade territorial, diversidade temática e de formato das propostas, entre outros.


O edital vai investir R$ 17 mil em sete propostas de conteúdos que vão desde reportagens, a vídeos de curta duração e podcasts para os grupos e coletivos que atuem nas áreas de comunicação comunitária e produção audiovisual.


Os grupos selecionados vão participar das oficinas, nos dias 5 e 12 de setembro, pela Casa Fluminense, além de participarem da décima edição do Fórum Rio, em novembro, onde serão apresentados o material produzido no edital. Os selecionados terão, também, a oportunidade de realizarem uma cobertura colaborativa do evento.




Faça a inscrição aqui, formulário.





Comunicação é fundamental para a transparência nos serviços públicos 

A coordenadora de comunicação da Casa Fluminense, Aline Souza, conta sobre a importância do edital, quais são os principais desafios da mobilidade urbana da região metropolitana do Rio de Janeiro e como a comunicação pode contribuir para essa melhoria.

Divulgação Casa Fluminense



Gecom: O que motivou a Casa Fluminense a criar esse edital? 

Aline Souza: A Casa Fluminense tem uma preocupação muito grande em apoiar iniciativas de mobilização, formulação e defesa de políticas públicas com participação social em toda a cidade metropolitana. Para isso, criou o Fundo Casa Fluminense, em 2016, que é uma ferramenta que oferece suporte a coletivos, movimentos e cidadãos engajados na construção de um Rio de Janeiro mais igual, democrático e sustentável. Assim, o objetivo do Fundo é fortalecer as capacidades no dia-a-dia da ação cidadã e aprofundar a incidência sobre a agenda e gestão pública para realizar as prioridades da Agenda Rio. A Agenda Rio norteia a atuação da Casa, e é uma agenda de propostas de políticas públicas elaborada coletivamente pela rede de associados e parceiros da Casa com foco em tornar o Rio uma cidade metropolitana mais justa, democrática e sustentável.
A ideia desse edital veio para fortalecer os grupos de comunicação popular e mídia livre, pois entendemos que a democratização da comunicação e do fazer mídia é fundamental para uma horizontalidade da informação.

Divulgação Casa Fluminense



Gecom: Atualmente, quais são os principais desafios que a região metropolitana do Rio de Janeiro tem em relação à mobilidade urbana? 

Aline Souza: Os desafios são muitos. Principalmente, a concentração de investimentos públicos no eixo central da capital que não dialogam com a realidade dos fluxos da cidade. Os trens da Supervia transportam, aproximadamente, 600 mil pessoas todos os dias e os investimentos previstos até 2020 são sete vezes menor do que os investimentos da nova Linha 4 do metrô, que não transporta nem metade do número de pessoas na SuperVia. Há, também, um grande monopólio na gestão do Bilhete Único que envolve a Fetranspor e empresas de ônibus, o que aponta para um problema de falta de transparência no cálculo da tarifa. Além disso, não temos uma malha cicloviária conectada. Portanto, os principais desafios de mobilidade urbana da região metropolitana do Rio têm a ver com falta de planejamento e transparência. 

Gecom: De que forma a comunicação pode contribuir para a melhoria da mobilidade urbana? 

Aline Souza: A mobilidade urbana está presente em nossa rotina. Todos os dias nós precisamos caminhar, pegar um transporte público, uma bicicleta ou qualquer outra forma de nos locomover pela cidade. Sendo assim, a comunicação contribui muito para que haja transparência nos serviços prestados à população nesse quesito. 

Sobre a Casa Fluminense 

Estruturada como associação civil sem fins lucrativos, autônoma e apartidária, a Casa Fluminense é um espaço permanente para a construção coletiva de políticas e ações públicas por um Rio mais justo, democrático e sustentável. Formada por ativistas, pesquisadores e cidadãos identificados com a visão de um Rio mais integrado, a Casa acredita que a realização deste horizonte passa pela afirmação de uma agenda pública aberta à participação de todos os fluminenses e destinada universalmente a todo o seu território e população e não apenas - ou prioritariamente - para as áreas centrais da capital. 

Conheça mais em www.casafluminense.org.br.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Você sabe quem foi Betinho?

"Semana Betinho: 20 anos de lembranças e saudades". Encontro organizado pelo Ibase, no Sindicato dos Jornalistas - RJ.


Em 1997, quando eu estava na 7ª série do Ensino Fundamental (hoje 8º ano), a professora de Português perguntou à turma, “Vocês sabem quem foi Herbert de Souza?” Silêncio na sala. Ela, então, fez outra pergunta. “E o Betinho? Vocês conhecem ou já ouviram falar dele?” Alguns começaram a balbuciar como se “ah, esse, sim”. Foi quando ela escreveu no quadro e explicou que ambos eram a mesma pessoa. Logo, veio em minha mente a imagem de um prato de alumínio vazio e o comercial que era transmitido na televisão sobre a campanha de combate à fome e à miséria. Então, veio a tarefa dada pela professora. Pesquisar sobre “Qual a importância política da pessoa Herbert de Souza (Betinho)?”, com data de entrega para 19 de agosto daquele ano.

Anotação feita no caderno com data de entrega da pesquisa.
Naquela época, a internet era precária e poucas pessoas tinham acesso à rede web. Ter um computador era um privilégio para poucos. Recorri ao jornal. Vale lembrar que eu não tinha o hábito da leitura diária e só lia a sessão de futebol. O jornal que eu consegui tinha uma matéria especial sobre o Betinho. Não lembro, em detalhes, sobre o que escrevi, mas sei que boa parte do trabalho foi a transcrição literal dos textos do jornal.

Edição especial do jornal com a matéria "Adeus, Betinho". Fonte de pesquisa.

Capa da edição especial.
Alguns textos consegui fazer uns cortes, retirando as opiniões e montando um texto mais objetivo - o que chamamos de edição. Confesso que tinha a vontade de recortar o jornal e colar direto no trabalho só pra terminar. No entanto, ao ler tanta coisa feita e o que era dito sobre ele despertavam em mim a curiosidade em conhecê-lo mais e fazer algo melhor. Pensei, “o trabalho está parecendo com o jornal. Vou escrever sobre o que penso sobre isso tudo”. Mais uma vez não recordo quais palavras usei para escrever o texto final. O título era uma interrogação. Algo como, “O que será do amanhã?” ou “O que será do futuro?”. Nele, questionei sobre quem cuidaria de seus trabalhos? A família, a equipe que trabalhou tantos anos ao seu lado, as pessoas que foram influenciadas por ele estariam dispostas em manter suas ações? E o governo estaria disposto a apoiar sua causa? Apesar da dor da perda, a luta não deveria parar. As ações deveriam continuar e aqueles que assumissem os trabalhos deveriam realizar o que ele gostaria de ter feito, mesmo que houvesse forças contrárias (não foram com essas palavras que escrevi, mas eram exatamente o que eu pensava).

O trabalho estava pronto. Não sabia se tinha escrito alguma bobagem, mas escrevi assim mesmo e  trabalho foi entregue. A professora veio até mim e veio perguntar justamente sobre o último texto que estava diferente do restante do trabalho. Ela ficou surpresa (e eu mais ainda) porque não tinha encontrado outro texto opinativo na turma e não esperava ler um daqueles. Ela até gostou e aprovou. Era como se eu tivesse mergulhado na história de um dos maiores ativistas sociais da época sem ter tido nenhum contato.

Infelizmente não encontrei o trabalho. Procurei em todos os lugares. Não sei se ele foi junto com outros que ficavam guardados em uma pasta que achei estarem seguros dentro do porão no quintal de casa. Devido à umidade no local em que ficavam guardados, muita coisa estragou e tive que desfazer de alguns trabalhos (chora, chora).

Curiosamente, reencontrei a edição especial do jornal alguns dias antes de começar a “Semana Betinho: 20 anos de lembranças e saudades”, evento que aconteceu de 7 a 9 deste mês, organizado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro.

Você pode conferir como foi o encontro no Instagram @gecomterceirosetor ou no link https://www.facebook.com/ibase.br/.

Encontro reuniu convidados e antigos parceiros de trabalho e de mobilizações para lembrar a memória de Betinho.

Durante a “Semana”, encontrei pessoas maravilhosas que conviveram na luta com Betinho. Ali, tive a certeza de que meu interesse e a minha influência pelo terceiro setor, pela causa social se deviam às ações que ele plantou na sociedade. As campanhas contra à fome, doações de alimentos e roupas tudo eu associava à imagem dele. Quando passo pelo galpão da Ação da Cidadania, eu vejo o imenso rosto da simplicidade olhando para o céu com ideias de mobilizar as pessoas a mudar o mundo para melhor.

“Se aceitarmos o país que temos, estaremos perdendo nosso tempo, estaremos perdendo nossa esperança”. Betinho

É o símbolo de esperança e luta dos desfavorecidos. É a representação indignada e inquieta que lutou até o fim de sua vida contra a falta de ética na política, a fome, a miséria, a discriminação em todas as suas dimensões e contra a AIDS.

Momentos da vida do sociólogo que mobilizou o Brasil em diversas campanhas por um mundo mais solidário.
Os três dias do encontro fizeram eu relembrar essa história e a vontade de escrever nessa linguagem simples e espontânea para contar a vocês um pouco sobre esse meu envolvimento no terceiro setor.
Eu ainda tenho muito a aprender sobre ativismo cidadão, lutas políticas, midiativismo  e outras séries de coisas mais. Só que eu lhe pergunto, “Você sabe quem foi Herbert de Souza, o Betinho?”.



Agradecimentos especiais à professora que menciono neste post, Aurelice, que fez eu ler cada vez mais e escrever melhor em suas aulas de Português e ao atual diretor-executivo do Ibase, Athayde Motta, que me incentivou a escrever este texto.