terça-feira, 17 de outubro de 2023

Comunicação, educação e arte como ferramentas de boas mudanças

Victor Meirelles usa a comunicação, arte e educação como ferramentas no combate ao bullying, racismo, gordofobia, capacitismo e outros tipos de violência. / Divulgação


"Em favor de que estudo? Em favor de quem? Contra que estudo? Contra quem estudo?", as indagações de Paulo Freire, patrono da Educação no Brasil, descrita em seu livro "Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa", nos faz refletir sobre a impossibilidade de estudar por estudar. Somos sujeitos de nossa história, capazes de intervir na realidade e gerar saberes.

O arte-educador, pesquisador, jornalista e ativista cultural Victor Meirelles sabe disso e acredita no potencial do tripé arte-educação-comunicação como elementos de artivismo e boas mudanças.

Victor Meirelles é carioca da gema, cria do Complexo de Favelas da Coreia, Senador Camará, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em sua caminhada educacional, passou pela formação em mediação de Educação, Arte e Cultura e curadoria de arte da Escola do Olhar do Museu de Arte do Rio. Atuou na Companhias de Teatro: Castelo Branco – UCB, Renato Prieto, Contrabando de Teatro e No Palco da Vida em espetáculos como Os Meninos da Rua Paulo, Cantos do Brasil, Hippe, A Casa Tomada, Nada Me Aflige, Encontros Impossíveis, A Morte é uma Piada 2, Anti Nelson Rodrigues.  É mestre na Universidade das Quebradas PACultura Contemporânea Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Psicossociologia da Saúde, licenciado em Letras e estudou Direito na UniverCidade. Escritor e poeta da Festa Literária das Periferias (FLUP), entre outros coletivos de arte, educação e cultura. Autor do livro "Marcos e Marcos", um dos idealizadores, produtores e pesquisador da biografia "Chica Xavier, a Mãe do Brasil", organizou os livros "Olhar Poético - Bicentenário de In dependências" e "O Poder das Palavras - Independências Poéticas" a partir de oficinas de escritas criativas com cegos, população de rua, mulheres, idosos e jovens e adultos negros. Fundou o Negócio de Impacto Social Arte Faz Parte Arte Educação e o Centro Cultural Chica Xavier, com José Valdenir. Também teve passagens pela TV e cinema, e atualmente está como coprotagonista do filme “Quando lembro de Chico”, disponível no Amazon Prime. No mês da Educação, nosso entrevistado, com experiência na arte de educar e comunicar, seja aprendendo ou ensinando, nos prestigia com seus conhecimentos para trabalharmos com uma comunicação mais humanizadora. Afinal, todos nós somos protagonistas de nossa própria história.

Gecom: Em 2008, você criou o Negócio de Impacto Social Arte Faz Parte Arte Educação e no ano seguinte já era apresentador do Programa Rio Cultural, na Rádio Rio de Janeiro. Como essa experiência na rádio contribuiu para o seu empreendimento social e outros projetos?

Victor Meirelles: Apesar de nunca ter imaginado que seria radialista, para mim foi um ótimo desafio articulado pelo João Pedro (apresentador do programa, na época). Estar neste veículo de comunicação, para mim, foi mergulhar em um mar de trocas constantes. A cada braçada e tomada de fôlego entre as entrevistas era uma onda de conhecimento e uma gigante rede que ia se construindo e promovendo um arrastão de conexões, que formavam e ainda formam correntezas de oportunidade. E neste navegar, tive o prazer de me banhar de vários profissionais da comunicação, arte, educação, saúde, um verdadeiro desaguar de todas as regiões, Ferreira Goulart, Ana Rosa, Renato Prieto, Nicete Bruno, Dhu Moraes, Dha Gama, Robertinho Silva, Wanderson Lemos, Fábio Deluca entre tantos em 10 anos de programa. Foram nessas ondas de rádio que fiz e faço várias parcerias que colaboraram e colaboram com os nossos projetos.

Victor criou o Negócio de Impacto Social Arte Faz Parte Arte Educação e é um dos fundadores do Centro Cultural Chica Xavier. / Divulgação


Gecom: Uma de suas principais ações é o combate ao bullying nas escolas e, para isso, você une arte, educação e comunicação. Como essas linguagens se conectam neste seu propósito?

Victor Meirelles: Quando colocamos à mesa um assunto de um paladar tão forte, pesado e um tanto difícil de engolir e que pode causar sérias congestões ao longo de uma vida, precisamos de um tempero e de uma mão de arte e uma mistura de educação afetiva, para tornar uma refeição mais leve e de sabor mais palatável. Então, o teatro, literatura, música e a poesia podem ser ótimos aliados para de forma lúdica nos conectarmos aos alunos e discutirmos sobre situações e assuntos que os atravessam pela trajetória educacional, que os levam ao sofrimento. E em meio a risos e diversão falamos sobre a importância do cuidado que devemos ter uns com os outros. E assim, por meio de uma comunicação não violenta, da educação antirracista e da beleza, potência e poesia, da arte em todas suas formas do fazer, em uma trabalho vivo, em ato e arte nas salas de aula são possíveis e eficazes as linguagens no processo de cuidado e na promoção da conscientização, prevenção e combate ao bullying e à violência nas comunidades escolares.

Gecom: O que você recomenda aos profissionais de comunicação que trabalham ou queiram trabalhar em ONGs com arte e educação, para divulgar suas causas e fortalecer a instituição?

Victor Meirelles: Acredito sempre em todas as formas de troca, capacitação, qualificação, aprendizagem. Conhecer e estar disponível a se relacionar com novas formas de fazer e que, sim, podemos nos divertir falando de algo sério, podemos tratar de assuntos chatos dando boas risadas. E se lançar como uma flecha e entender que sua trajetória pode atravessar o tempo e percorrer outras existências e possibilidades de promover boas mudanças.

O arte-educador fez de seu projeto de vida um ativismo, incentivando a leitura e debates como bullying e diversidade, em subúrbios e periferias do Rio de Janeiro. / Divulgação




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