terça-feira, 24 de junho de 2025

A importância da Publicidade na Comunicação das ONGs

Marting Draghi, coordenador de Comunicação e Marketing da Agência do Bem, ao lado do Prêmio Melhores ONGs - 2024. / Arquivo pessoal



Criar campanhas de impacto positivo na sociedade, divulgando as causas sociais de uma ONG, exige planejamento e orçamento para que a mensagem alcance o público e, assim, gerar resultados eficazes. Algumas organizações do Terceiro Setor trabalham com recursos escassos ou no amadorismo e acabam não obtendo o resultado desejado. Um trabalho publicitário bem feito atrai voluntários, aumenta as doações, amplia o reconhecimento de uma ONG, fideliza seus patrocinadores atuais e conquistar novos apoiadores.


Martin Draghi, formado em Propaganda e Marketing e coordenador de Comunicação e Marketing da Agência do Bem, nos conta sobre a importância da publicidade nas ONGs e compartilha sua experiência na entrevista a seguir. Confira. 


Gecom: O que te motivou a se formar em Publicidade e a trabalhar no Terceiro Setor?


Martin Draghi: Decidi cursar Publicidade porque queria trabalhar com criatividade, com direção artística, com campanhas de marketing e entender um pouco melhor como funciona a mente do consumidor. Com o avanço da faculdade, fui me envolvendo com trabalhos voluntários de organizações do terceiro setor, como a ONG TETO, o projeto Ruas, o Atados, a Onda Solidária e outras, e percebi que poderia aplicar meus conhecimentos de publicidade a causas que acreditava que eram importantes a serem olhadas com atenção e com um olhar técnico e profissional.

As experiências que tive como voluntário foram fundamentais para tomar a decisão de redirecionar rotas e construir uma carreira no terceiro setor.


Gecom: Como você passou a fazer parte da Agência do Bem?


Martin Draghi: Fui convidado a integrar a Agência do Bem pelo fundador Alan Maia, com quem já havia colaborado em outras iniciativas profissionais e mantinha contato desde o período da faculdade. Na época, meu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre uma organização social localizada em Botafogo, e meu orientador sugeriu que eu conversasse com o Alan para compreender mais a fundo as dinâmicas do terceiro setor.

Essa conexão se manteve ao longo dos anos e, em 2022, recebi o convite para assumir a coordenação de comunicação e marketing da Agência do Bem.


Gecom: De que forma a comunicação contribui para os resultados da Agência do Bem?


Martin Draghi: Uma organização do terceiro setor precisa prestar contas à sociedade das atividades que desenvolve. Nesse sentido, a publicidade é essencial para dialogar com todos os públicos de interesse da Agência do Bem. No caso das comunidades em que estamos inseridos, temos ações tanto no ambiente digital quanto no offline, para que os responsáveis daquele território saibam da existência do projeto e matriculem seus filhos nos polos de ensino. Na outra ponta, temos os patrocinadores, que precisam ser informados sobre o andamento do projeto com materiais de prestação de contas e de atividades. Ter um material bem ilustrado, que apresente os resultados de impacto social do projeto, é importantíssimo para que a organização consiga fidelizar seus patrocinadores atuais e também conquistar novos apoiadores.

No caso da equipe interna, ilustramos diversos materiais pedagógicos para que os professores consigam assimilar com maior facilidade as atividades que serão desenvolvidas em sala de aula. Ou seja, a comunicação é um pilar essencial para que a Agência do Bem alcance seus objetivos, com foco na transparência, no engajamento do público atendido e na manutenção/atração de patrocinadores.


Gecom: Em sua opinião, quais são os desafios da Comunicação no Terceiro Setor e quais seriam as soluções para resolvê-los?


Martin Draghi: Um dos principais desafios da comunicação no terceiro setor é a escassez de recursos, aliada à ausência de um plano estruturado a ser seguido. Muitas organizações atuam com equipes enxutas, com poucos profissionais dedicados exclusivamente à comunicação, o que dificulta a criação e a execução de estratégias consistentes e contínuas. Além disso, é comum que os recursos disponíveis sejam direcionados prioritariamente para a realização das atividades-fim dos projetos, o que exige do gestor de comunicação uma definição clara de prioridades, focando em ações que tragam o maior retorno. 

Uma solução possível está na qualificação dos membros da equipe ou na valorização de um profissional responsável pela comunicação, que, muitas vezes, inicia seu trabalho como voluntário. É comum que, mesmo apresentando bons resultados, esse voluntário não seja efetivado devido ao receio de alocar recursos em uma área que não é diretamente ligada à atividade-fim da organização. No entanto, é importante entender que a comunicação é uma área estratégica para qualquer organização social que preze pela transparência das suas atividades. 

Esse mesmo princípio se aplica à questão da escassez de recursos. É fundamental que as organizações invistam em formação e capacitação para compreender e acessar as diversas fontes de financiamento disponíveis no Brasil, como por exemplo, as leis de incentivo à cultura, doações de pessoas físicas, o financiamento coletivo, os editais públicos e privados, os convênios com o poder público, as emendas parlamentares, entre outras possibilidades. Explorar essas alternativas de forma é essencial para garantir a sustentabilidade financeira das organizações do terceiro setor.


Sobre a Agência do Bem

A Agência do Bem é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), sem fins lucrativos e não possui vinculação religiosa ou partidária. Sua missão é promover o desenvolvimento humano visando a cidadania plena de populações de baixa renda, através da educação, de forma transparente e sustentável. Eleita uma das melhores ONGs do Brasil em 2024 (Prêmio Melhores ONGs). Destacada como a 22° Melhor ONG do Brasil em ranking internacional (2023) elaborado pela organização suíça, TheDotGood. Possui a certificação ISO 9001, um reconhecimento internacional que atesta a qualidade dos sistemas de gestão de uma organização.

https://www.agenciadobem.org.br/

 







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domingo, 25 de maio de 2025

O impacto social da Comunicação nas ONGs

Maria Gomes é formada em Relações Públicas e líder administrativa do Instituto Sempre em Movimento. / Arquivo pessoal


Fortalecer a imagem da ONG, engajar o público, contribuir para a captação de recursos, patrocínios e doações, além de construir e fortalecer parcerias e desenvolver estratégias de comunicação, são algumas das inúmeras atividades que um relações públicas desempenha dentro de uma instituição do Terceiro Setor. Suas habilidades e conhecimentos contribuem para o desenvolvimento estratégico e operacional de uma ONG. É assim que Maria Gomes, líder administrativa do Instituto Sempre em Movimento, faz uso de sua formação em Relações Públicas para causar impacto social positivo por meio do programa Craques da Rocinha.


Maria Gomes é responsável pela administração do projeto, como boletins escolares, entregas de cestas básicas, atendimento a famílias vulneráveis, além de atuar em escolas para cobrar boletins, rendimento escolar, frequência e desenvolvimento do aluno.


Gecom: O que te motivou a se formar em Relações Públicas e a trabalhar no Terceiro Setor?


Maria Gomes: Gosto de lidar com pessoas e ouvir suas respectivas histórias. Sempre tive interesse em entender como a comunicação pode conectar pessoas, causas e organizações. Por isso, escolhi Relações Públicas — uma área que vai muito além da imagem, e trabalha com diálogo, construção de reputação e engajamento. Ao longo da graduação, percebi que queria usar essa comunicação estratégica não só para empresas, mas para algo que tivesse impacto social. Foi aí que encontrei no Terceiro Setor o meu propósito: aplicar o que aprendi para fortalecer causas em que acredito, especialmente ligadas à educação, mobilizando pessoas e recursos para transformar realidades.


Gecom: Como você passou a fazer parte do Instituto Sempre em Movimento?


Maria Gomes: Em 2020, no auge da pandemia, tivemos uma visita da ONG Instituto Sempre em Movimento. O primeiro momento era para entender o funcionamento do projeto que até então era um projeto comunitário de futebol. A partir daí começamos a trabalhar para melhoria do projeto que hoje somos aprovados na lei do incentivo ao esporte.


O conhecimento em Relações Públicas contribui para o impacto positivo no programa Craques da Rocinha. / Arquivo pessoal

 

Gecom: De que forma a comunicação contribui para os resultados da ONG?


Maria Gomes: A comunicação contribui diretamente para os resultados da ONG ao tornar visível o impacto do nosso trabalho. Ela aproxima a organização do público, fortalece a confiança com parceiros e doadores, e engaja voluntários e beneficiários. No contexto educacional, comunicar bem significa valorizar as histórias dos jovens, mostrar transformações reais e inspirar outras pessoas a se envolverem com a causa.


Gecom: Em sua opinião, quais são os desafios da Comunicação no Terceiro Setor e quais seriam as soluções para resolvê-los?


Maria Gomes: Um dos principais desafios da comunicação no Terceiro Setor é a limitação de recursos — tanto financeiros quanto humanos. Muitas ONGs têm equipes reduzidas ou não possuem profissionais especializados em comunicação, o que dificulta a criação de estratégias consistentes. Além disso, existe o desafio de traduzir o impacto social em mensagens simples e acessíveis, que sensibilizem o público e gerem engajamento. Outro ponto é a concorrência por atenção nas redes sociais, onde diversas causas disputam espaço.


Maria Gomes durante ação social na Rocinha. / Arquivo pessoal

Sobre o Instituto Sempre em Movimento 

É uma organização sem fins lucrativos com sede em São Paulo e Rio de Janeiro que tem como alicerce o fortalecimento e o empoderamento do movimento que gere autonomia para a vida. Atua com um ecossistema pulsante direcionado a promoção da saúde com o objetivo de desenvolvimento sustentável e funcional de pessoas e grupos sociais.

https://sempremovimento.org.br/

 


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sexta-feira, 25 de abril de 2025

Acessibilidade e inclusão no audiovisual: aprenda a fazer com aulas e palestras gratuitas

 


O conteúdo audiovisual é acessível a todos? Os cegos podem ir ao cinema? Os surdos conseguem acompanhar a programação da televisão? As mídias sociais são inclusivas para esse público? Foi pensando nessas questões que foi criado o curso Acessibilidade e Inclusão no Audiovisual, que está com inscrições abertas, com início a partir do dia 08 de maio, na cidade do Rio de Janeiro, e dia 07 de junho, em Niterói.


O curso é organizado em parceria pela Luzidio Produções, da jornalista e produtora audiovisual Thais Ribeiro, e pela Oriri Produções, da antropóloga e coordenadora pedagógica do projeto Bianca Arruda.


“Essa iniciativa surgiu da necessidade de difundir a importância da acessibilidade como uma ferramenta indispensável  na promoção da inclusão. Tornar o conteúdo acessível ajuda também na democratização do acesso e na formação de público”, conta Thais.


O objetivo do curso Acessibilidade e Inclusão no Audiovisual é promover a reflexão e o debate sobre a necessidade de tornar os conteúdos audiovisuais mais acessíveis, bem como ampliar a representação de pessoas com deficiência (PCD) tanto nas telas quanto na produção de seus conteúdos.


“A luta do movimento de pessoas com deficiência garantiu avanços na esfera legal e, paralelamente, houve o desenvolvimento de tecnologias assistivas, mas ainda há muito desconhecimento sobre os caminhos a trilhar para de fato tornar as obras acessíveis e adotar medidas de inclusão”, explica Bianca.


Apesar da crescente importância da inclusão, ainda é comum encontrar produções que não atendam às necessidades de pessoas com deficiência visual, auditiva ou cognitiva. A inclusão se apresenta como uma ferramenta essencial para evitar a exclusão e a discriminação, promovendo a representatividade e a participação de todas as pessoas, sem exceções.


O curso Acessibilidade e Inclusão no Audiovisual discute as melhores formas de garantir que todos possam acessar informações e entretenimento de forma igualitária. Os inscritos podem escolher o melhor local e data para sua realização. O primeiro ciclo de aulas e palestras será realizado no Rio de Janeiro e depois o mesmo conteúdo em Niterói. Cada ciclo terá duração total de 21 horas, na modalidade presencial e ainda contará com transmissão online pelo Instagram (@acessiblidadenoaudiovisual). Ao final do curso os participantes recebem um certificado. O curso Acessibilidade e Inclusão no Audiovisual discute sobre os recursos de acessibilidade, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras), o uso de legendas para surdos e ensurdecidos (LSE) e a audiodescrição, além de noções básicas de regulamentos e legislações pertinentes.


Para a jornalista Thais Ribeiro, “esperamos sensibilizar os profissionais do campo audiovisual sobre a importância da acessibilidade, não apenas da acessibilidade comunicacional, mas também pensar sobre acessibilidade arquitetônica e atitudinal, para que as pessoas com deficiência possam se sentir respeitadas e representadas dentro desse universo”.


Sobre a importância do curso, a antropóloga Bianca Arruda complementa: “A importância do curso é justamente contribuir com a disseminação de informações de qualidade, para assegurar o direito  à diversidade e à inclusão, permitindo que mais produtores e produtoras estejam engajadas e engajados em tornar suas obras acessíveis e inclusivas, possibilitando que  pessoas com diferentes necessidades sensoriais ou cognitivas possam usufruir plenamente da cultura e do entretenimento, também como parte da cadeia produtiva, como previsto na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.


O curso Acessibilidade e Inclusão no Audiovisual é contemplado pelo Edital “Apoio à Formação e Difusão do Audiovisual – Projetando Saberes”, da Lei Paulo Gustavo, com incentivo do Governo Federal, do Ministério da Cultura, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.


A programação completa do curso e as inscrições estão no link https://bit.ly/pre-incricao_aia



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terça-feira, 25 de março de 2025

Jornalista comunitário e a importância do jornal para o Terceiro Setor

Hélio Euclides é jornalista comunitário e um dos criadores do jornal Maré de Notícias. / Crédito: Ângela Beatriz

Um jornal comunitário estabelece uma relação entre a comunidade e questões de interesse desta, que não teriam espaço na grande imprensa. Ele mobiliza, incentiva a participação dos moradores, estimula debates, valoriza a cultura local e fortalece a identidade da comunidade.

Hélio Euclides é jornalista comunitário formado pela Unisuam e possui experiências enriquecedoras no jornal O Cidadão e no Maré de Notícias, publicações do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm) e da Redes da Maré, respectivamente, duas referências quando se fala de jornal comunitário.

Confira o que Hélio Euclides tem para compartilhar nesta entrevista e a importância de um jornal comunitário.


Gecom: O que te motivou a se formar em jornalismo e a trabalhar no Terceiro Setor?


Hélio Euclides: Quando era criança, acordava com o rádio ligado, na rádio Globo. Um dos programas era do Haroldo de Andrade. Muitas vezes, eu não me sentia representado nas falas. Principalmente quando falava de cidades e não falava das favelas. Então, senti que precisava falar também sobre isso, como um favelado e isso me motivou a ser jornalista. Esse desejo de falar sobre a favela. Falar da favela. A comunicação comunitária tem essa questão no terceiro setor. Na Maré, a gente tem uma instituição que começou o jornal O Cidadão e eu fiz parte logo no início deste jornal. Fiquei quase nove anos nesse jornal e eu aprendi o que era comunicação comunitária. Foi uma experiência muito boa. Conheci outras pessoas que faziam o mesmo trabalho. Fui trabalhando o terceiro setor dentro da Maré, o que me incentivou a fazer faculdade, em que eu sempre coloquei a importância da comunicação comunitária nas aulas de jornalismo. Sempre colocava a voz da favela, representando a favela. Daí partiu esse desejo, mas não de ser a voz da favela. Eu fico muito chateado quando alguém fala numa palestra "dar voz à favela". A gente amplia a voz. A gente é o microfone desse morador. Então, sempre quis ajudar na ampliação dessa voz.


Gecom: Como você passou a fazer parte da Redes?


Hélio Euclides: Eu fazia jornalismo comunitário nessa instituição, o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré. Então, houve a criação da Redes da Maré e eu saí do jornal Cidadão. Depois, fiquei estudando só comunicação. Quando surgiu a ideia de criar um novo jornal na Maré, que foi o Maré de Notícias, fui convidado a ajudar em sua criação com a experiência que eu tinha no jornal O Cidadão. Começar do zero, esse projeto. Foi bem legal essa experiência, porque no jornal O Cidadão, eu já entrei com o jornal criado. São quinze anos do Maré de Notícias, em dezesseis anos de trabalho na Redes da Maré. Pesquisa, debates sobre nomes, sobre o que é comunicação comunitária, apresentar a instituição para mostrar o que era para que todos soubessem a importância de um jornal comunitário para uma favela. Esse foi um momento muito feliz. Fazer comunicação comunitária.


Hélio, por meio do jornal Maré de Notícias, ajudou a cotar as histórias e o dia-a-dia do morador do Conjunto da Maré. / Crédito: Curso de Extensão Mídia, Violência e Direitos Humanos / Nepp-DH / UFRJ



Gecom: Recentemente, você era da equipe do jornal Maré de Notícias, da Redes. Conte um pouco sobre essa experiência no jornal e de que forma este informativo e a comunicação contribuem para os resultados da ONG?


Hélio Euclides: É bem interessante, porque um dos projetos da Redes da Maré é esse veículo, o Maré de Notícias, que é um olhar pra favela. Um olhar de dentro pra fora. Muitas instituições falam de seus projetos e tudo, mas o Maré de Notícias tem esse olhar de falar de todos os assuntos da favela. Durante esses quinze anos do Maré de Notícias, que completou em dezembro do ano passado, contamos histórias, o dia-a-dia do morador. Foi muito importante para a Redes ter esse veículo. A instituição agora deu um tempo para reformular esse jornal. Uma das questões é a financeira, patrocínio. Então, espero que volte, porque é importante para a instituição. Quem visita a instituição e pega o Maré de Notícias vê a qualidade desse jornal. O morador percebe a importância desse jornal. Uma construção coletiva da instituição e do morador.


Gecom: Hoje, você está no eixo Educação da Redes. Como a sua experiência em jornalismo tem contribuído de alguma forma nesta nova função?


Hélio Euclides: Eu sempre falo que não dá pra falar do jornal O Cidadão sem falar do Hélio. Não dá pra falar do Hélio sem falar do jornal O Cidadão. Acredito que seja a mesma coisa do Maré de Notícias.  Não tem como falar do Maré de Notícias sem falar do Hélio. E falar do Hélio sem falar do Maré de Notícias. Faz parte da minha vida. Não tem como negar. Hoje, estou no eixo Educação da Redes da Maré. Um dos assuntos que eu mais gostei de abordar no Maré de Notícias foi a educação. Então, foi uma escolha da instituição muito boa, de eu ter ido para o eixo Educação. Vou estar sempre ali, ajudando o Maré de Notícias no que precisar. Contar minhas histórias. Falar da fundação. Vou estar sempre ali para ajudar a reconstruir o Maré de Notícias. 

Vou escrever sobre esses projetos da instituição dentro da Educação, mas eu vou ter uma articulação maior com as escolas. Por exemplo, eu faço um trabalho em uma das escolas que é uma aula-letiva junto com os professores sobre jornal. Vou dar continuidade neste ano e iniciar uma coisa nova em uma escola que está escrevendo um livro. Fui lá como um consultor para ajudar na construção deste livro que conta a história desta creche. Vai ser muito bom isso, trazer o que eu conheço de jornalismo para dentro desse eixo. Vou continuar a escrever matérias e estar na escolas levando jornalismo para as escolas.

Um dos assuntos do meu mestrado é o Maré de Notícias. Eu não conseguia escrever enquanto estava dentro do jornal. Essa oportunidade de estar do lado de fora, olhando o Maré de Notícias, acho que vai ser bom durante esse período de mestrado. Vou contar minha experiência e, também, como leitor falar do Maré de Notícias. Será um momento novo e bom, agora como pesquisador.


A falta de projetos de captação de recursos para a sustentabilidade das mídias comunitárias é um dos desafios da comunicação comunitária e do terceiro setor. Crédito: Elisângela Leite



Gecom: Em sua opinião, quais são os desafios da comunicação no Terceiro Setor e quais seriam as soluções para resolvê-los?


Hélio Euclides: Sempre quando vou em debates, tem essa colocação. Como solucionar a questão financeira, patrocínios, viver de comunicação comunitária? Na maioria das vezes, isso acontece no Maré de Notícias. A instituição sempre pensou na parte de pagamento. A gente nunca passou por um momento difícil. Sempre recebemos nosso salário, mas tem muitos colegas que têm uma profissão fora da comunicação comunitária para sustentar esse sonho, falar da favela onde mora. Eu penso muito nisso, que se possa criar uma associação de comunicação comunitária, ou algo assim, porque não existe. Em que a gente possa, unidos, construir esse projeto de captação de recursos para jornais, rádio, internet, TV, tudo o que envolver comunicação comunitária. Ter esse olhar de captação. E, também, a publicidade governamental. Tanto municipal, estadual e federal. Porque a gente faz isso voluntariamente, gratuitamente. Por exemplo, quando a gente fala de vacina, a gente não recebe um centavo, enquanto o governo paga empresas grandes. Então, a gente precisa que a sociedade olhe para a comunicação comunitária e entenda a importância. Acho que é isso que a gente precisa hoje, pensar na captação de recursos e de mostrar à sociedade a importância de olhar a parte financeira da comunicação comunitária.


Sobre a Redes da Maré

A Redes da Maré é uma organização da sociedade civil, que produz conhecimento, projetos e ações, através de cinco eixos de trabalho estruturais, em busca de qualidade de vida e garantia de direitos para os mais de 140 mil moradores das 15 favelas da Maré. Nasceu da mobilização comunitária a partir dos anos 80 e foi formalizada em 2007. Tem como missão tecer as redes necessárias para efetivar os direitos da população do conjunto de favelas da Maré.

https://www.redesdamare.org.br/br/



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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A importância da comunicação de causas nas ONGs

Bruna Rodrigues usa seus conhecimentos e habilidades para coordenar a área de Comunicação Social e Captação de Recursos do INCAvolutário. / Divulgação


Trabalhar na área de Comunicação dentro de uma ONG pode proporcionar uma experiência transformadora e enriquecedora. Sensação de realização, aprimoramento de habilidades e ampliação de conhecimentos são alguns dos benefícios para quem trabalha no Terceiro Setor pode adquirir ao longo do tempo, além de despertar um senso de propósito.

A coordenadora da área de Comunicação Social e Captação de Recursos do INCAvoluntário, Bruna Rodrigues, se identificou com o propósito do instituto, que hoje é a sua causa também.

Graduada em Comunicação Social, com especialização em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), Bruna tem experiência em Social Média e Marketing de Causas, com foco em comunicação estratégica e impacto social.

Ao longo de sua jornada, atuou na promoção e realização de eventos voltados para divulgação e captação de recursos. 

Seus conhecimentos, habilidades e experiência garantem o sucesso das ações no INCAvoluntário, ampliando a disseminação de informações e viabilizando os recursos necessários para as iniciativas da instituição.

Na entrevista abaixo, Bruna conta sobre sua motivação em trabalhar no Terceiro Setor, além da importância e dos desafios da Comunicação dentro das ONGs.


Gecom: O que te motivou a se formar em jornalismo e a trabalhar no Terceiro Setor?

Bruna Rodrigues: A fotografia foi meu primeiro contato com o jornalismo. Quando chegou o momento de escolher uma graduação, me encantei pela área e percebi que era o caminho ideal para unir minhas paixões: a escrita e a imagem. Durante a faculdade de Comunicação, descobri um universo de possibilidades e compreendi que o comunicador pode ser versátil, atuando em diversas frentes. Essa percepção me levou ao Terceiro Setor, onde encontrei um propósito ainda maior: usar a comunicação como ferramenta de transformação social.


Gecom: Como você passou a fazer parte do INCAvoluntário?

Bruna Rodrigues: Minha entrada no INCAvoluntário aconteceu de forma natural. Por meio de uma conhecida que trabalhou no INCA, soube da oportunidade para a vaga de analista de comunicação no INCAvoluntário. Na época, já formada, atuava na comunicação interna da escola de música Starling Academy of Music, mas me identifiquei com a proposta e enviei meu currículo. Passei pelo processo seletivo e, desde então, já se vão quase oito anos dedicados a essa causa, que hoje também é a minha: apoiar os pacientes do INCA no enfrentamento da doença.


Gecom: De que forma a comunicação contribui para os resultados do INCAvoluntário?

Bruna Rodrigues: A comunicação é um pilar essencial para o crescimento e a sustentabilidade de qualquer organização, e no INCAvoluntário não é diferente. A cada ano, nossa área de Comunicação se fortalece, impulsionando a visibilidade, o alcance e o impacto de nossas ações. Esse crescimento reflete diretamente na mobilização de recursos, no engajamento de voluntários e parceiros e na distribuição de informações essenciais. Por isso, investir em comunicação não é apenas uma estratégia, mas uma forma de garantir  a continuidade do nosso trabalho em benefício dos pacientes do INCA.


Gecom: Em sua opinião, quais são os desafios da Comunicação no Terceiro Setor e quais seriam as soluções para resolvê-los?

Bruna Rodrigues: Entendo que a comunicação no Terceiro Setor enfrenta desafios como a captação e fidelização de doadores. Cada vez mais, temos a necessidade de transmitir a relevância da causa sem cair em discursos apelativos. Uma forma de solução é investir em estratégias criativas nas redes sociais, com storytelling e parcerias estratégicas com criadores de conteúdo, e ter uma assessoria de imprensa também criativa e proativa, ou seja, profissionalizar a área e priorizar a mensuração de resultados. Essas ações garantem que a comunicação seja eficiente, contribuindo para a sustentabilidade da organização.


Sobre o INCAvoluntário

O INCAvoluntário é a área de ações sociais do Instituto Nacional de Câncer (INCA), responsável pelo planejamento e promoção das ações sociais e atividades voluntárias no Instituto. A área busca contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, por meio de atividades de inclusão social e resgate da cidadania. O INCAvoluntário conta com a colaboração de pessoas que realizam ou apoiam as suas atividades com os usuários em tratamento no Instituto.

https://incavoluntario.org.br/



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